Suspeitos de praticar comércio ilegal de animais em feiras livres da zona leste de São Paulo agrediram, no último domingo, 21, duas veterinárias de uma ONG de proteção animal e o deputado estadual Rafael Saraiva (União Brasil), durante uma operação da Polícia Civil deflagrada para deter a suposta prática ilícita.
Mais de 60 filhotes de cães foram apreendidos em condições de maus-tratos, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP). Ao todo, 16 pessoas foram detidas em duas operações e levadas à delegacia. Ao menos 14 foram liberadas. Todas, de acordo com a pasta, estão sendo investigadas.
O parlamentar e as profissionais, que pertencem ao instituto Eu Luto Pela Vida, entidade especializada em proteção animal, estavam acompanhando os agentes na Operação Rotten Peach, deflagrada pela equipes especializadas da Divisão de Investigações Sobre Infrações Contra o Meio Ambiente, da Polícia Civil de São Paulo, para coibir a venda de animais em feiras livres.
A prática é proibida conforme a lei estadual de São Paulo 19.974/2024, sancionada no último dia 10 pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nas imagens obtidas pelo Estadão, é possível ver o deputado sendo agredido na cabeça por uma mulher, e uma das veterinárias, identificada como Marina Passadore, recebendo golpes na nuca enquanto retirava uma caixa de transporte com animais de dentro do porta malas de um veículo.
O caso aconteceu na Praça Dr. Agostinho Battarello, na Vila Hamburguesa. De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado na 1.ª Delegacia de Investigações de Infrações contra o Meio Ambiente (Diima), havia cerca de 15 a 20 barracas no endereço, onde os filhotes estavam sendo comercializados. Os suspeitos tentaram fugir após a chegada dos policiais, mas os agentes conseguiram impedir a fuga.
Segundo a polícia, além da feira livre, os criadores cometeram uma série de irregularidades, como: animais armazenados em gradis e gaiolas, sem espaço para mobilidade; filhotes sendo comercializados sem estar esterilizados (castrados), microchipados, com a vacinação incompleta e antes dos 120 dias de vida. Os criadores também não apresentavam a documentação obrigatória para a prática da venda.
"Muitos destes aspectos têm cunho administrativo; alguns sem embargo flertam com com a perspectiva de maus tratos, a saber: o desmame prematuro, com possível consequência para integridade física e mental dos animais, o mantença deles em locais acanhados por horas a eito, e sob interpéries", informa a polícia no boletim de ocorrência.
Os suspeitos foram liberados após serem levados à delegacia. O caso foi registrado em dois boletins de ocorrência, sendo uma de praticar ato de abuso a animais e outro de lesão corporal. Os animais apreendidos ficarão sob os cuidados de um instituto especializado e não poderão ser doados até decisão da Justiça.
Outro caso
Horas antes da apreensão na Praça Dr. Agostinho Battarello, as equipes também realizaram no domingo a detenção de um casal na Avenida Jacu Pêssego, na Vila Carmosina, que também estaria tentando vender dois filhotes em condições ilegais. Os dois suspeitos foram encaminhados à delegacia. A defesa dos envolvidos não foi localizada.