Um ex-comissário da Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, fez críticas à manutenção das aeronaves da empresa dona do avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira, 9. De acordo com o funcionário, a segurança estava em “segundo ou terceiro plano”.
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“A empresa colocava a segurança em segundo ou terceiro plano. Visava mais o lucro e a gente tinha um avião que apelidava de 'Maria da Fé', pra você ter ideia. Porque só voava pela fé. Porque não tinha explicação de como o avião daquele estava voando”, disse o funcionário, que pediu para não se identificar, ao Fantástico da TV Globo deste domingo, 11.
Ele pede ainda que todos os funcionários que já passaram pela empresa relatem suas experiências. “Para poder evitar que alguma outra coisa possa acontecer no futuro. Tem muita negligência com a segurança”, conclui.
O comandante Rui Guardiola, pioneiro dos aviões ATR no Brasil, voou 15 mil horas nesse modelo e trabalhou apenas um mês na Passaredo, hoje Voepass, em 2019, contou que durante seu período na empresa passou por uma situação com o botão que aciona o sistema antigelo e que a solução da manutenção foi colocar um palito.
“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. [...] Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, relembra.
De acordo com apurações feitas pelo programa, o avião que sofreu o acidente aéreo estava com problemas com ar-condicionado, falha no sistema hidráulico, tinha tido um contato anormal com a pista - um choque da calda da aeronave com a pista e essa batida causou um “dano estrutural” e vinha passando por uma série de paradas para manutenções.
Ao ser questionada pelo Fantástico sobre as manutenções antes do acidente, a Voepass Linhas Aéreas respondeu que “informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades”.
O acidente
O acidente aconteceu no início da tarde de sexta-feira, 9. A Voepass Linhas Aéreas, companhia aérea dona da aeronave, informou, por meio de nota, que o avião, modelo ATR-72, decolou de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O voo 2283 tinha 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Ninguém sobreviveu.