Ex-secretário assassina mãe, cachorro e se mata no Guarujá

Thiago Felipe de Souza Avanci também havia sido denunciado por suposto estupro de vulnerável contra um sobrinho autista menor de idade.

18 set 2024 - 17h38
(atualizado às 19h26)

Alerta: a reportagem abaixo trata de temas como suicídio. Se você está passando por problemas, veja ao final do texto onde buscar ajuda.

O ex-secretário municipal Thiago Felipe de Souza Avanci, de 39 anos, foi encontrado morto ao lado do corpo de sua mãe e do cão da família, na noite desta terça-feira, 17, no Guarujá, no litoral de São Paulo. Os corpos estavam no quarto da residência da mulher, no Balneário Praia de Pernambuco.

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A suspeita é de que Thiago tenha atirado contra a mãe, Sueli Nastri de Souza Avanci, de 72 anos, e depois contra a própria cabeça. Segundo a Polícia Civil, ele havia sido denunciado por suposto estupro de vulnerável contra um sobrinho autista menor de idade.

Thiago respondia pela pasta de Modernização e Transformação Digital da prefeitura e no mesmo dia das mortes havia pedido exoneração do cargo. Ele era também advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subsecção de São Paulo, e até esta quarta-feira sua situação profissional estava regular.

O Estadão procurou a OAB-SP, subseção do Guarujá, e aguarda retorno. Também entrou em contato com familiares de Thiago e Sueli, mas não teve retorno.

O suposto autor dos disparos morava no mesmo imóvel que a mãe, no Balneário Praia de Pernambuco, em Guarujá. A perícia vai apurar se ela foi dopada com medicamentos antes de ser morta. Como o cão não tinha ferimento aparente, a suspeita é de que ele tenha sido submetido a eutanásia.

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De acordo com a Polícia Civil, o caso de estupro envolvendo o homem de 39 anos é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do Guarujá. "Diligências estão em andamento visando o esclarecimento dos fatos. Na ocorrência de ontem (terça-feira), policiais civis estavam a caminho da residência do autor para cumprir um mandado de busca e apreensão quando foram informados sobre disparos de arma de fogo no imóvel", disse a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

Ainda segundo a nota, na residência a equipe localizou o corpo dele, da mãe, de 72 anos, e de um cão. A polícia apreendeu uma arma de fogo, celulares e outros pertences. Nesta quarta-feira, 18, a SSP-SP informou que foi decretado segredo de Justiça sobre o caso, o que impede a polícia de dar detalhes sobre a investigação.

A prefeitura de Guarujá informou que a equipe do Serviço Móvel de Urgência (Samu) foi acionada às 20h54 de terça para atender à ocorrência na casa da família de Thiago e chegou ao local às 21h10. "A investigação segue sob a responsabilidade da Polícia Civil", disse.

Ainda segundo a prefeitura, Thiago Avanci pediu exoneração do cargo de secretário na terça, sendo a portaria publicada na edição desta quarta,18, no Diário Oficial do Município. Ele ingressou na administração municipal em julho de 2019, como assessor na Secretaria de Coordenação Governamental (Segov), função exercida até janeiro de 2021 e logo após, no mesmo mês, foi nomeado assessor de Assuntos Estratégicos.

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Em julho de 2021, na condição de advogado, foi designado liquidante da Empresa de Urbanização de Guarujá (Emurg), autarquia municipal, onde permaneceu até abril deste ano. Em seguida, foi nomeado como secretário adjunto de Coordenação Governamental e Assuntos Estratégicos, tendo sido exonerado em junho, quando assumiu a Secretaria de Modernização e Transformação Digital (Semod), até pedir a exoneração também deste cargo.

Thiago se formou em Direito na Universidade Católica de Santos (UniSantos) em 2007 e fez mestrado na mesma instituição. Ele fez pós graduação em gestão pública na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutorado na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 2012, encerrou o pós-doutorado na Itália.

Avanci deu aulas de direito e cidadania em colégios particulares de Guarujá e de Santos e foi professor de Direito em seis universidades - ainda dava aulas em duas. Como advogado, além de trabalhar no escritório da família, integrou várias comissões da OAB do Guarujá, incluindo a presidência do Conselho de Direitos da Criança e Adolescente.

A reportagem pediu informações sobre o mandado de buscas expedido contra Thiago Avanci, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que, devido ao segredo de Justiça, as informações não estão disponíveis.

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Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

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Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes. Na cidade de São Paulo, são 33 Caps Infantojuventis e é possível buscar os endereços das unidades nesta página.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

NOTA DA REDAÇÃO: Suicídios são um problema de saúde pública. Antes, o Estadão, assim como boa parte da mídia profissional, evitava publicar reportagens sobre o tema pelo receio de que isso servisse de incentivo. Mas, diante da alta de mortes e tentativas de suicídio nos últimos anos, inclusive de crianças e adolescentes, o Estadão passa a discutir mais o assunto. Segundo especialistas, é preciso colocar a pauta em debate, mas de modo cuidadoso, para auxiliar na prevenção. O trabalho jornalístico sobre suicídios pode oferecer esperança a pessoas em risco, assim como para suas famílias, além de reduzir estigmas e inspirar diálogos abertos e positivos. O Estadão segue as recomendações de manuais e especialistas ao relatar os casos e as explicações para o fenômeno.

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