O temporal que atingiu parte do Estado do Rio na noite de sexta-feira ainda assombra moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense e de municípios da Costa Verde. Neste sábado, 2, famílias e comerciantes que perderam "quase tudo" durante as fortes chuvas passaram o dia somando os prejuízos, limpando imóveis e tentando recuperar o que restou.
Morador de Jardim Xavante, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o técnico de refrigeração Rinaldo Oliveira da Silva, 49 anos, foi alertado por volta das 23h de sexta-feira, 1º, sobre o risco de o rio Botas transbordar. Ele conseguiu tirar o carro da rua e levá-lo para um ponto mais alto. Em apenas 30 minutos, porém, sua casa foi tomada pela água. Perplexo, ele viu o freezer e o botijão de gás da sua cozinha sendo arrastado pelas águas para fora do portão de casa.
"Tínhamos colocado coisas em cima valor em cima das mesa, para não molhar, mas a água subiu 1,20 metro dentro de casa. Perdi tudo. Lama para todo o lado", conta Rinaldo, que divide o terreno de casa com o pai, a irmã, a prima e um tio. Ninguém se machucou. "Entendi que não seria possível salvar nada, desliguei a luz de casa e fui para o andar de cima ficar com a minha irmã. Desde que a água baixou, estamos basicamente jogando tudo fora e limpando a lama de dentro de casa".
Em Belford Roxo, houve também deslizamento de terra, sem vítimas. Diversos bairros do município registraram casas invadidas pela água. Segundo a prefeitura, houve 180 pontos de alagamento e 300 pessoas desalojadas.
A professora Viviane Carneiro da Silva, 46 anos, estava sozinha em casa na noite de sexta-feira em Heliópolis, em Belford Roxo, quando a rua em que mora começou a encher por causa das chuvas. Ela mora no mesmo endereço há 40 anos e sua casa nunca havia sido inundada.
Viviane conta que um dos filhos precisou dormir na farmácia onde trabalha. Outro ficou na casa de um amigo, que mora em um morro perto do colégio. Sozinha em casa, ela conseguiu colocar tijolos embaixo da geladeira, para não ser alcançada pela água. Mas perdeu praticamente tudo - camas, sofá, roupas e documentos.
"Fui dispensada de uma escola particular durante a pandemia e faço empadas para vender, mas raramente tem saída, é muito complicado por causa da pandemia", disse ela.
Na Costa Verde, no Centro Histórico de Paraty, alguns comércios ficaram fechados neste sábado por causa da falta de funcionários que não conseguiram transporte para o trabalho. Rosana Davinha, dona de um restaurante, disse que o Centro Histórico de Paraty não foi muito afetado. "O Centro Histórico nunca enche, nem na pior enchente", disse a comerciante.