Festas de carnaval burlam leis e prometem DJs e shows

Contra fiscalização, eventos são em locais escondidos e balada se vende como bar

13 fev 2021 - 05h10
(atualizado às 09h36)

Com DJ, shows e pista de dança, festas privadas de carnaval são marcadas em várias cidades do País, em meio à segunda onda da covid-19. Os eventos escondem o local para evitar fiscalizações e há baladas que dizem funcionar como bar para afastar a suspeita de aglomeração. As informações sobre os eventos são divulgadas nas redes sociais, em aplicativos de mensagens ou por links secretos em plataformas de vendas.

A realização de eventos desse tipo é proibida em várias localidades e desaconselhada por autoridades de saúde, que temem aumento de infecções pela covid-19, como ocorreu em janeiro depois de festas de réveillon e Natal em todo o País.

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Polícia Militar do Rio de Janeiro
Polícia Militar do Rio de Janeiro
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Um evento previsto para hoje no Rio é anunciado por uma dessas plataformas de venda de ingressos na internet, mas o local não é informado. "Em breve vamos informar o local para retirada das nossas blusas personalizadas", diz a descrição da festa, que promete seguir diretrizes para conter o coronavírus. Em Belo Horizonte, uma festa de pagode e axé, chamada Premiere Folia, com quatro cantores e um DJ, foi marcada para este sábado. O ingresso pode ser comprado em uma plataforma de venda de tíquetes, mas o local não é revelado para evitar fiscalizações. A cidade vetou bares e restaurantes no fim de semana e a realização de festas.

Em Vila Velha (ES), um evento privado anuncia três dias de festa, com música eletrônica. O primeiro começou ontem à noite com previsão de acabar só às 6 horas da manhã de hoje. As informações sobre o evento são repassadas pelo WhatsApp e a venda é feita por sistemas de pagamento como Pix ou Picpay.

"A gente tem limite de pessoas para o espaço, mas em relação à covid é complicado. O Espírito Santo está cheio de gente", afirmou à reportagem o organizador do evento pelo WhatsApp, quando consultado sobre medidas de proteção contra a covid-19. "Vamos estar com álcool em gel em vários ambientes. Mas não temos como controlar as pessoas todas." A cidade proibiu festas de carnaval.

"Todos os ambientes contêm álcool em gel e todos com o distanciamento", garante a responsável pela reserva de mesas em uma casa de festas em Búzios, no Rio. Segundo os organizadores, o espaço, conhecido por promover baladas, vai funcionar em "formato de bar", com "drinques, food, música e convidados, das 20 às 3 horas da madrugada". Quem reserva a mesa mais cara - R$ 600 por pessoa - pode dançar na pista, que terá música eletrônica com DJs.

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Avisos do evento nas redes sociais pedem para curtir a música na mesa e respeitar o distanciamento. Mas festas no mesmo local em janeiro tiveram aglomerações, segundo registros nas redes sociais. A prefeitura de Búzios proibiu festas e eventos, como blocos e shows, no carnaval. Já os bares estão liberados com restrições.

Por todo o País, há opções de festas para o carnaval, apesar de a folia ter sido oficialmente cancelada pelas prefeituras para conter a disseminação do coronavírus. Há também eventos em hotéis. No Novotel do Leme, no Rio, haverá até "baile de máscaras" com DJ, de acordo com um flyer divulgado nas redes sociais. A festa foi confirmada pela recepção do hotel.

Procurada para comentar a realização do evento em meio à pandemia, a rede Accor, a que pertence o Novotel, não respondeu. A prefeitura do Rio disse que festas podem ser realizadas em hotéis desde que os estabelecimentos tenham alvará específico para boates. De qualquer maneira, devem cumprir normas sanitárias.

Convite para festa de carnaval durante a pandemia
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

Operações

Nesta sexta-feira, a PM do Rio usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um bloco clandestino de carnaval em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em Magé, outra festa de rua foi interrompida com a chegada de PMs. Para tentar se antecipar às folias não autorizadas, o Rio monitora a divulgação de festas clandestinas nas redes sociais. Um bar na Barra da Tijuca, que faria a festa Salomé Folia, recebeu interdição cautelar e multa. Só ontem foram registradas 8 infrações sanitárias e administrativas, segundo a prefeitura. Das 24 barracas de praia fiscalizadas em Copacabana, 12 foram multadas por irregularidades.

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Na capital paulista, que cancelou oficialmente o carnaval, a Polícia Militar deve reforçar as ações de fiscalização de estabelecimentos que descumprirem as normas. Um esquema especial, com 31 mil PMs, foi montado entre os dias 12 e 17, para ações no Estado.

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