Até essa quarta-feira, perguntar para um professor da rede estadual de ensino do Paraná o que representava para ele a data de “30 de agosto” era praticamente a certeza de resposta na ponta da língua. Naquele dia, no simbólico ano de 1988 – semanas antes da promulgação da Constituição Federal –, uma manifestação da categoria em Curitiba entrou para a história por conta da violência na repressão estatal. Em greve por melhores salários, eles foram recebidos pela Polícia Militar do governo do hoje senador Alvaro Dias (PSDB) com uma gama variada de ação: cavalos, bombas de efeito moral, cães. À época, foram contabilizados na repressão dez feridos e cinco presos.
Novamente no Centro Cívico da capital paranaense, mas, desta vez, contrários a mudanças no sistema previdenciário, ontem os professores só não viram os cavalos; de resto, em quase duas horas de batalha campal, foram alvo de bombas de efeito moral, balas de borracha e até acompanhamento de policiais em helicópteros. O saldo de cerca de 200 feridos atendidos em ambulâncias ou em três hospitais da cidade revela que o 29 de abril passou, com vantagem, o episódio da cavalaria de 1988.
A reportagem do Terra esteve no Centro Cívico em Curitiba no final da noite desta quarta-feira – horas depois das cenas que repercutiram na imprensa nacional e estrangeira. No local, entre muito lixo (copos plásticos e caixas de isopor, principalmente) e barras de ferro retorcidas, uma professora olhava para o prédio escuro da Assembleia com expressão carregada.
PR: violência foi batalha campal pior que 88, diz professora
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“Tenho 30 anos de rede estadual, ainda estou na ativa. Em todo esse tempo, presenciei muitas greves – nessa de hoje, só não foi uma chacina porque não morreu ninguém. Porque tinha muita bomba, muita arma, muito policial, muito gás... muito de tudo”.
Entre as várias paralisações que ela afirma ter visto na categoria, está a de 30 de agosto de 1988, na gestão Alvaro Dias.
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“Ali, o governador e seu secretário de Segurança Pública fizeram manobra de ataque aos professores com cavalaria e bombas, mas, naquela época, aquele número de bomba era muito alto porque a gente não estava acostumado. Na de hoje (ontem), tinha muito mais bomba que naquele dia – foi uma batalha campal”, declarou a professora. “Eu diria que as duas situações, para nossa categoria, foram muito tristes, porque a gente nunca espera isso de um governante, mas a de agora foi pior pela quantidade de repressão. Parecia que a Polícia Militar do Estado inteiro estava aqui em Curitiba só para cuidar dos professores”, disse.
Leila não sofreu ferimentos, mas contou que viu “muita gente ferida, muita gente que saiu carregada, muitos atendidos em ambulâncias ou levados para hospitais devido a estilhaços de bala de borracha, com muitas lesões”.
Qual mensagem ficou do episódio? "A mensagem é que parece que a gente não deu a educação devida para determinadas pessoas, porque, se o professor está aqui desarmado, não tem que receber bomba", definiu.
Também no Centro Cívico, a professora de biologia da rede estadual Vera Mortean, 53 anos, 28 deles em atividade, segurava uma espécie de bandeja improvisada com restos de artefatos usados, mais cedo, pelos policiais: balas de borracha deflagradas, latas de spray de pimenta, cartuchos de bombas de efeito moral. "Segurar isso me dá repulsa, indignação, indigestão moral, ânsia de vômito ideológica", afirmou. "A luta não vai acabar, nem a resistência; serão três anos e meio. Mas é dolorido ver o trabalhador resistindo a essa truculência do governador e de seu secretário de Segurança - a dor não é só física, mas é também moral", constatou.
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Richa isenta PM e critica "infiltrados"
Após o cerco da PM aos manifestantes, o governador Beto Richa (PSDB) concedeu entrevista coletiva na qual alegou que a violência teria partido de vândalos infiltrados no movimento dos professores.
“Os policiais ficaram parados protegendo o prédio público”, disse Richa, que completou: “Na medida em que os manifestantes avançam, os policiais têm que reagir, e temos imagens que mostram pessoas infiltradas, que que não são do movimento dos professores, que radicalizaram, criaram arruaça e promoviam o confronto e a depredação do patrimônio público”, justificou.
Ao todo, sete pessoas foram presas. O projeto que altera o sistema previdenciário dos servidores paranaenses passou com 31 votos a favor e 20 contra. A matéria segue agora para sanção do governador.
PR: Ânsia de vômito ideológica, diz professora após violência
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Fomos bombardeados, afirma professora após violência no PR
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Confronto entre a PM do Paraná e os manifestantes saiu do controle na tarde desta quarta-feira. Dezenas de pessoas ficaram feridas e a prefeitura de Curitiba considerou "abusiva" a ação policial
Foto: Joka Madruga
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Confronto entre a PM do Paraná e os manifestantes saiu do controle na tarde desta quarta-feira. Dezenas de pessoas ficaram feridas e a prefeitura de Curitiba considerou "abusiva" a ação policial
Foto: CUT-PR
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Manifestante ferido foi atendido em um hospital municipal
Foto: Prefeitura de Curitiba
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Foto: APP Sindicato
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Foto: Joka Madruga
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Foto: Joka Madruga
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Cinegrafista da Catve foi atingido durante o conflito
Foto: Catve
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Confronto teve início da sessão na Assembleia
Foto: Catve
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Sessão foi continuada mesmo com o confronto acontecendo do lado de fora da Alep
Foto: Catve
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
Foto: Catve
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
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Manifestantes e PM entram em confronto no Paraná
Foto: Catve
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestante usou máscara para se proteger do gás lançado pela Polícia Militar
Foto: Agência Paraná
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Homem é imobilizado por um policial no centro de Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestante detido pela Polícia Militar
Foto: Agência Paraná
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Policial foi atingido por tinta lançada pelos manifestantes
Foto: Agência Paraná
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Homem com mãos amarradas e boca amordaçada protesta no centro de Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestantes se protegeram até com tampas de caldeirão para cozinhar
Foto: Agência Paraná
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Fotógrafos se abrigaram em pontos de ônibus em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Tropa de Choque foi chamada para agir no Centro Cívico de Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Manifestante mascarado em ato na capital paranaense
Foto: Agência Paraná
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Polícia lançou muitas bombas durante o ato
Foto: Agência Paraná
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Mulher ferida é atendida em Curitiba
Foto: Gabriel Rosa
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Tropa de Choque avançando em direção aos manifestantes
Foto: Orlando Kissner
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Homem com a camisa do Corinthians é detido por policiais à paisana
Foto: Orlando Kissner
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Manifestante é levado por dois homens em Curitiba
Foto: Orlando Kissner
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Vários foram detidos após o confronto com a polícia
Foto: Orlando Kissner
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Manifestante foge das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia
Foto: Gabriel Rosa
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Homem levou um tiro de borracha na região do pescoço
Foto: Gabriel Rosa
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Prefeitura de Curitiba socorreu mais de 150 manifestantes feridos
Foto: Everson Bressan
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Homem com ferimento no braço após ato no Paraná
Foto: Everson Bressan
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Mulher é atendida por profissionais da saúde
Foto: Everson Bressan
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Samu analisa ferimento em manifestante
Foto: Everson Bressan
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Homem chuta bomba lançada pela Polícia Militar
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba
Foto: Agência Paraná
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Protesto de professores terminou em batalha campal em Curitiba