Gleisi volta atrás e diz que União deixou de arrecadar R$ 0,23 em SP

Anteriormente, a ministra havia contrariado posição de Fernando Haddad sobre isenção de tributos

18 jun 2013 - 20h25
(atualizado às 21h23)
<p>Manifestantes se concentram em frente à prefeitura de São Paulo em novo dia de protestos</p>
Manifestantes se concentram em frente à prefeitura de São Paulo em novo dia de protestos
Foto: AFP

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, retificou estudo que havia sido entregue à imprensa no início da noite desta terça-feira, o qual dizia que as tarifas de ônibus e metrô em sete cidades poderiam nem ter sido reajustadas. Agora o que a ministra diz é que o governo abriu mão de R$0,20 em média nas tarifas do transporte público por meio da desoneração de impostos federais.

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A informação agora vai na linha da explicação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de que ao passar de R$ 3 para R$ 3,20 o custo do transporte na cidade, já considerava a desoneração do imposto e que a tarifa poderia ser até mais cara. “Se não tivesse essa medida, o impacto seria maior”, disse Gleisi.

Da maneira como o estudo havia sido redigido inicialmente, a informação era de que na tarifa paulistana deveria haver um desconto de R$ 0,23, passando o preço final para R$ 2,97 – isto é, nem ter sido aumentada.

Por meio de legislações diferentes, o governo federal reduziu as alíquotas de PIS/Cofins e da folha de pagamento da categoria. Na semana passada, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que o governo federal fez sua parte, mas alegou que Estados e municípios poderiam tomar ações similares.

Gleisi Hoffmann ponderou, no entanto, que a desoneração não significa necessariamente um repasse no custo final ao consumidor. Outras variáveis são levadas em consideração, como, por exemplo, combustível, mão de obra, entre outros.

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“O governo federal está apresentando essa contribuição para que efetivamente possa melhorar o preço e também beneficiar a população brasileira”, afirmou. A ministra, no entanto, manteve a posição de que prefeituras têm espaço para reduzir ou aumentar menos as tarifas.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

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Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento, reiterou "a defesa do direito de ir e vir" da população, mas garantiu que não permitirá que os manifestantes prejudiquem a circulação de veículos e pessoas. No mesmo dia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a polícia deve ser investigada por abusos cometidos, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

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As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

Fonte: Terra
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