O goiano Wendel Lourenço estava entre os 88 brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos e chegaram ao Brasil na última sexta-feira, 24. O homem contou que ficou algemado durante o voo e que a aeronave não tinha ar-condicionado. “Quase morremos sufocados. Todo mundo começou a passar mal”, disse, em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Globo.
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O homem contou que viveu seis anos nos Estados Unidos e que trabalhava com pisos de madeira. Depois, ele voltou ao Brasil e ficou cerca de dois anos. Lourenço voltou ao país norte-americano para visitar a família que deixou lá e acabou ficando preso por cinco meses, até ser deportado.
Este é o segundo voo com deportados a pousar no Brasil em 2025. O primeiro aconteceu no dia 10, ainda durante o governo do democrata Joe Biden, com 114 brasileiros a bordo. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a viagem é organizada pelo governo norte-americano e, por parte do Brasil, a logística fica sob responsabilidade da Polícia Federal.
Questionada pelo Terra, a PF não deu informações sobre a questão das algemas. Mas a informação de que as pessoas viajaram algemadas foi confirmada pelo colunista Guilherme Mazieiro, do Terra.
‘Desrespeito’
O governo federal determinou a retirada das algemas dos passageiros que ocupavam o primeiro voo de deportados dos Estados Unidos, com destino ao Brasil, desde a posse do presidente Donald Trump. A condição dos brasileiros algemados foi considerada um 'desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos'
O avião das forças de segurança norte-americanas aterrissou em Manaus (AM) na noite da última sexta-feira. O destino final estava programado para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG), mas a aeronave precisou pousar na capital amazonense para manutenção, e o restante da viagem foi cancelado.
Após a tentativa das autoridades dos Estados Unidos de manter os passageiros do voo algemados, a Polícia Federal determinou a retirada imediata das algemas, sob orientação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A situação foi comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ministro Ricardo Lewandowski, que considerou a situação um 'flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros'.
Como o restante da viagem acabou cancelado após o pouso em Manaus, Lula determinou que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizado até o Amazonas para que os passageiros pudessem completar o voo 'com dignidade e segurança'.
Para tal, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas (Sejusc) disponibilizou colchões, alimentação, atendimento médico e água aos passageiros que aguardavam no aeroporto de Manaus. Uma equipe do Corpo de Bombeiros também foi mobilizada para prestar apoio com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.