Golpe histórico fracassado inspira símbolo de protestos nesta terça

Atentado fracassado em 1605 inspirou personagem do filme 'V de Vingança'. Grupos convocam protestos para marcar a data

5 nov 2013 - 16h32
(atualizado às 17h11)

Manifestações de rua foram convocadas em dezenas de cidades do mundo - inclusive brasileiras - nesta terça-feira, em celebração ao personagem histórico britânico Guy Fawkes. Fawkes e outros revolucionários católicos foram condenados à morte após uma tentativa fracassada, em 5 de novembro de 1605, de explodir as Casas do Parlamento e tomar o poder na Inglaterra.

Desde então, o 5 de novembro passou a ser comemorado na Inglaterra com festas e fogueiras. Mas Fawkes inspirou, quatro séculos mais tarde, o quadrinista Alan Moore a criar o personagem V, um enigmático anarquista que luta para derrubar do poder um partido fascista fictício na Grã-Bretanha.

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No começo do livro, V leva a cabo o plano original de Fawkes e explode as Casas do Parlamento.

O desenhista David Lloyd, responsável pelas ilustrações, criou a imagem original da máscara, popularizada em 2006 pelo filme V de Vingança. Desde então, as máscaras foram incorporadas pelos manifestantes em protestos anticapitalistas, da Primavera Árabe ao Ocupe Wall Street e às manifestações de junho e julho no Brasil.

Em entrevista recente à BBC, Lloyd afirmou que "a máscara de Guy Fawkes tornou-se uma marca, um cartaz conveniente para ser usado em protestos contra a tirania".

Convocações

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Grupos como Anonymous e Ocupe Wall Street convocaram protestos em diversos países nesta terça, como EUA, Filipinas e África do Sul.

Nas Filipinas, cerca de cem mascarados se reuniram diante do Parlamento em Manila, em protesto contra a corrupção e prometendo ataques de hackers contra sites do governo, informa a France Presse.

O evento foi batizado de Million Mask March (traduzida como Marcha Milhões de Máscaras pelo grupo Anonymous Brasil) e virou um dos tópicos mais comentados no Twitter.

No Brasil, o Anonymous convocou protestos em diversas cidades, como São Paulo (no Masp, a partir das 18h), Rio (na Candelária, a partir das 18h), Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e municípios do interior paulista.

Grupos black blocs também devem se manifestar.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi

assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como 

uma das maiores jornadas

populares dos últimos 20 anos

. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes,

mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do

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Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em 

São PauloRio

de Janeiro

CuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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