Governo exonera funcionários detidos por confusão na Câmara

Os dois estavam na galeria da Câmara apoiando os vereadores do PMDB que compõem a CPI dos ônibus em horário de expediente e se envolveram em confusão

23 ago 2013 - 09h28
(atualizado às 09h35)
<p>Manifestante é socorrido na quinta depois de ser agredido em ato na CPI dos Ônibus, no Rio de Janeiro</p>
Manifestante é socorrido na quinta depois de ser agredido em ato na CPI dos Ônibus, no Rio de Janeiro
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

A secretaria da Casa Civil do governo do Rio de Janeiro exonerou na manhã desta sexta-feira os funcionários Leandro Carlos de Souza e Maicon Justino Soares. Os dois tinham cargos comissionados e foram detidos pela polícia na tarde de quinta-feira na Câmara Municipal do Rio durante protestos entre manifestantes contra e a favor da CPI dos Ônibus. Tanto Leandro quanto Maicon estavam no local em horário de expediente para dar apoio aos vereadores Chiquinho Brazão e Professor Uóston, ambos do PMDB, presidente e relator da comissão respectivamente.

Os dois se envolveram em confusão com manifestantes e jornalistas, e acabaram detidos e reconhecidos como agressores. Na delegacia, os dois negaram participação nos atos e ser milicianos, como chegaram a ser acusados. Ambos foram liberados após prestar depoimentos. Na página do Facebook de Leandro e de Maicon há fotos dos dois com o governador Sérgio Cabral e até mesmo com o prefeito Eduardo Paes. Os dois tinham publicado fotos chegando à Câmara na manhã de ontem e Maicon chegou a escrever que "a porrada ia comer". Ambos já tiraram seus perfis do Facebook do ar. Leandro era lotado na Casa Civil como assistente e Maicon como ajudante.

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A CPI dos Ônibus continua suspensa na Justiça até que o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felipe, também do PMDB, esclareça o questionamento feito por vereadores da oposição de que a composição da comissão tenha sido feita de forma ilegal e irregular. Os manifestantes seguem ocupando as escadarias da Câmara e seguem vigiados de perto pela Polícia Militar. O clima no local é de tranquilidade.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas. 

Fonte: Terra
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