Grávida de 9 meses vai a hospital, é liberada por médica e morre horas depois em ambulância: 'Negligência'

Para o esposo da jovem de 21 anos, o caso de negligência médica o fez perder a companheira e a filha

27 jan 2024 - 15h20
(atualizado às 15h39)
Syang e Leandro estavam ansiosos pela chegada de Malya, a primeira filhado casal
Syang e Leandro estavam ansiosos pela chegada de Malya, a primeira filhado casal
Foto: Arquivo Pessoal

Uma mulher de 21 anos, com 40 semanas de gestação, morreu dentro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em frente ao Centro de Saúde de Água Doce do Norte, no Espírito Santo. Para a família de Syang Siqueira de Souza, grávida de Malya, o caso foi de negligência médica – pois a jovem chegou a ir ao hospital e uma obstetra disse que ela estava bem e podia voltar para casa. Horas depois, ela e sua bebê morreram. As duas foram enterradas na última terça-feira, 23.

Tudo aconteceu no domingo passado, 21. Ao Terra, Leandro Soares Loredo, o companheiro de Syang e pai da bebê esperada pelo casal, explicou que Syang estava em casa e sentiu fortes dores nas costas e na região pélvica, além de falta de ar. O que o fez estranhar foi o fato dela sentir a falta de ar tanto em pé quanto deitada. 

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Então, como conta, os dois foram ao atendimento clínico geral do Centro Médico de Água Doce do Norte, na cidade em que moram. Na hora, não havia nenhum obstetra de plantão e eles foram encaminhados ao Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço, em Barra de São Francisco, município vizinho.

Ao chegarem no hospital, uma obstetra realizou alguns exames e liberou o casal, mesmo com Syang há poucos dias de completar 41 semanas de gestação. Leandro conta que a médica disse que o que a jovem sentia eram sintomas comuns da fase da gestação e também informou que a mulher não estava dilatada, com o colo do útero fechado.

Até que, de noite, tudo se repetiu. A jovem voltou a sentir falta de ar e foi, novamente, ao centro médico de sua cidade. O médico que a atendeu identificou que o quadro era grave e solicitou urgência em sua transferência ao hospital que ela foi mais cedo. Leandro conta que uma ambulância do Samu foi chamada, dessa vez com solicitação de UTI, e demorou 40 minutos para chegar. 

"Colocaram ela dentro da ambulância e ficaram parados em frente ao hospital mais ou menos umas 3 horas com ela. A primeira coisa que ele [socorrista] falou para mim era que ela estava com um estado de pneumonia muito grave e que minha neném não estava mexendo e muito provavelmente tinha morrido, por sofrimento fetal”, explica Leandro.

Por conta do quadro, socorristas informaram a Leandro que sua esposa teria que ser entubada. “Aí ele ficou uns 45 minutos massageando ela dentro da ambulância, até que ele saiu pra fora e falou pra mim que ela tinha sofrido uma parada cardíaca e morrido. No mesmo momento, eu perdi minha esposa e minha filha”.

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Para Leandro, o caso de negligência médica e descaso com sua família fez com que ele perdesse as duas. “Se tivessem internado minha esposa na primeira vez que fomos ao hospital, minha esposa não teria morrido. E mesmo se tivesse morrido por conta da embolia pulmonar, que foi o resultado médico, poderiam ter salvo minha filha. Fariam cesariana de emergência e minha neném estaria pelo menos aqui comigo hoje”.

A Prefeitura de Água Doce do Norte decretou luto oficial de dois dias na cidade por conta da perda. 

O que diz a Secretaria de Saúde?

Em nota enviada ao Terra, a Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) lamenta o ocorrido e confirma que a gestante buscou atendimento no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho na manhã do último domingo, 21, se queixando de perda de líquido e dores.

“Durante o atendimento, foram realizados todos os exames necessários, assim como o pré-natal de rotina, e foi verificado que a paciente não possuía perda de líquido e que o colo de útero estava fechado e sem dilatação. A paciente foi medicada para dor e recebeu alta após a melhora clínica. A direção do hospital está à disposição da família para mais esclarecimentos”, complementa.

Já sobre o Samu, a coordenação do Samu 192 informa que, após acionada, enviou ambulância para o atendimento à paciente, que recebeu o socorro da equipe. “No entanto, foi a óbito”, finalizam.

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A reportagem buscou também o parecer do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) e da Polícia Civil, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto e o texto será atualizado após resposta.

Fonte: Redação Terra
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