A greve dos ferroviários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) pegou muitos usuários desavisados na manhã desta quinta-feira, em São Paulo. A paralisação afeta as linhas 8-Diamante, 9-Esmeralda, 11-Coral e 12-Safira dos trens metropolitanos, e atinge cerca de 1,5 milhão de usuários. A decisão foi tomada em assembleia por volta das 20h de quarta-feira pelos sindicatos dos trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Transporte de Passageiros da Zona Sorocabana e dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona da Central do Brasil.
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De acordo com a CPTM, a circulação de trens nas linhas 11-Coral e 12-Safira está interrompida em toda a extensão desde as 10h devido à greve, e a linha 9-Esmeralda não está operando desde a última madrugada. A operação Paese foi acionada e os ônibus circulam entre as estações Corinthians-Itaquera do Metrô e Guaianazes; entre Ferraz de Vasconcelos, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e Guaianazes; e entre São Miguel e Itaim Paulista e estação Tatuapé do Metrô.
Desde as 10h, três linhas da CPTM operam da seguinte forma: 7-Rubi, entre as estações Luz e Jundiaí; 8-Diamante, entre as estações Itapevi e Palmeiras-Barra Funda, e 10-Turquesa até a Estação Luz. A operação Paese será mantida para atender a linha 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú), que está paralisada. Os coletivos estão atendendo os usuários entre as estações Pinheiros e Grajaú.
A companhia informou que uma cautelar do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) determinou que, no caso de deflagração da greve, os empregados mantivessem 100% da operação nos horários entre 6h e 9h e das 16h às 19h. Nos demais horários, o efetivo seria de 75%. Porém, a determinação não foi cumprida, e os ferroviários estão sujeitos a uma multa diária de R$ 100 mil.
Os usuários que se dirigiram pela manhã à estação Grajaú, na zona sul da capital paulista, encontraram os avisos de greve no portão da estação, que pertence à Linha Esmeralda e liga o bairro a Osasco, na Grande São Paulo. A linha passa próximo à marginal Pinheiros.
A CPTM deixou o seguinte aviso: "Senhores usuários, a circulação dos trens está interrompida em virtude do sindicato dos empregados não estar cumprindo a liminar emitida pela Justiça do Trabalho". Os ferroviários também deixaram um alerta: "Senhores usuários, a estação está fechada no dia de hoje. Greve dos Ferroviários. Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana".
O jardineiro Ailton Barreto Júnior, 32 anos, resumiu em uma palavra, às 5h, o seu sentimento com a greve: "palhaçada". Diariamente, ele utiliza uma van para chegar ao terminal Grajaú, depois pega o trem, o metrô e mais um ônibus para chegar ao trabalho, em um itinerário de quase duas horas.
"O problema é que ninguém avisa nada. Fui dormir ontem por volta das 21h, acordo para trabalhar e dou de cara com a estação fechada. O dia, para mim, acabou. Se for utilizar os ônibus, vou chegar lá ao meio dia", disse. "O dia está perdido."
Sentimento semelhante teve a diarista Marlei Hemmel Camargo, 48 anos, que trabalha na Barra Funda, zona oeste da capital paulista. Ao chegar à estação, a primeira providência foi ligar para a filha, que se dirigiria ao local em seguida. "Vou avisar para ela não vir e depois ligar para a patroa. Não tem condições de chegar no trabalho hoje. É muito difícil para a gente, que depende do transporte", afirmou.
O técnico em manutenção de elevadores Antonio Vicente de Alencar, 40 anos, também aguardava para avisar a empresa que não iria trabalhar. "Eles até entendem a nossa situação e não costumam descontar o dia. A gente acaba compensando de outra maneira", disse ele.
A prefeitura de São Paulo colocou nesta quinta-feira todos os 15 mil ônibus disponíveis em circulação. Ônibus gratuitos estavam disponíveis nas estações afetadas pelas greves, porém, com filas intensas a partir das 6h.
Na avenida Belmira Marin, as linhas normais permaneceram superlotadas a partir das 5h30 da manhã. Um veículo biarticulado com destino à estação Pinheiros permaneceu mais de 15 minutos parados em um ponto por não conseguir fechar as portas. A situação só foi resolvida quando o motorista liberou a entrada de passageiros pelas portas traseiras.