'Guardian' cria página colaborativa dedicada a protestos no Brasil

Jornal britânico pede que manifestantes brasileiros enviem fotos e textos sobre os protestos que tomaram o País

19 jun 2013 - 10h07
(atualizado às 10h18)
<p>Cerca de 50 mil manifestantes se reuniram em frente à prefeitura de São Paulo em protesto</p>
Cerca de 50 mil manifestantes se reuniram em frente à prefeitura de São Paulo em protesto
Foto: AFP

O jornal britânico The Guardian criou uma página em seu site na qual os manifestantes brasileiros podem enviar fotos e relatos sobre os protestos que tomaram o País nas últimas semanas. A página, que faz parte de uma seção chamada Guardian Witness ("testemunha Guardian"), tinha mais de 180 contribuições até por volta das 9h30 desta quarta-feira.

Do material enviado, a maior parte são imagens de cartazes e manifestações de apoio aos atos. Mas também há textos, como o de um usuário, que não assinou o próprio nome, mas afirma ser irlandês e morar em São Paulo desde 2012.

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"A panela de pressão emocional estava pronta para explodir aqui há algum tempo. Nos meus primeiros anos no País, eu fiquei um pouco desapontado em ver tantas pessoas jovens em bares fazendo muito pouco - estagnados e sem qualquer significado real para suas vidas. Mas agora, tem algo novo acontecendo. Os jovens estão diferentes", escreveu ele. "Havia milhares de jovens brasileiros na (avenida) Paulista hoje (terça-feira) à noite. Sem agressões, mas cm algo sério no ar - um sonho significativo de ir em frente. Eu senti que esse é o verdadeiro Brasil. Vi um cartaz: 'o gigante acordou!'. É o que parece - e eles sabem que o mundo está ciente disso."

Capa do jornal New York Times destaca os protestos no Brasil
Foto: Reprodução
Onda de protestos no Brasil é destaque em jornais internacionais

As manifestações que tomaram as ruas do País foram destaque nas capas de alguns dos principais jornais do mundo nesta quarta-feira. O periódico americano The New York Times circula hoje com uma foto do Rio de Janeiro em sua primeira página - na imagem, um policia militar joga gás de pimenta no rosto de uma mulher. "Protestos crescem enquanto brasileiros culpam líderes", diz a manchete.

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Os jornais El País da Espanha e do Uruguai também deram destaque aos atos realizados no Brasil. "A presidente do Brasil elogia 'a força' dos indignados", escreveu o periódico espanhol.

Na publicação uruguaia, a foto de capa é uma imagem do último protesto realizado em São Paulo, e mostra um veículo sendo incendiado. "Brasil segue abaixo de agitação popular e Dilma não tenta acalmar protestos", diz a manchete.

O jornal argentino La Nación também informou sobre as manifestações em sua primeira página. "Governo do Brasil cede, mas continuam protestos nas ruas", dizia a chamada de capa.

Cenas de guerra nos protestos em SP

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A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

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O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Fonte: Terra
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