Haddad admite rever valor da tarifa de ônibus em São Paulo

O prefeito disse que vai providenciar um estudo sobre os impactos da redução da tarifa e dialogar com a população

18 jun 2013 - 17h27
(atualizado às 17h33)
<p>O protesto desta terça-feira, que parte da Praça da Sé, no Centro de São Paulo, é coordenado pelo Movimento Passe Livre</p>
O protesto desta terça-feira, que parte da Praça da Sé, no Centro de São Paulo, é coordenado pelo Movimento Passe Livre
Foto: Peter Leone / Futura Press

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, admitiu em reunião nesta terça-feira com representantes do Movimento Passe Livre (MPL) que avalia a possibilidade de rever o preço da passagem do transporte público na capital. O petista disse que a prefeitura vai fazer um estudo sobre o impacto na redução do preço em outros serviços públicos.

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Segundo a assessoria de Haddad, a ideia é dialogar com a população como essa redução pode ser feita e verificar dentro da prefeitura de onde poderiam vir os recursos para subsidiar a queda no preço do transporte.

Durante a reunião de hoje, do Conselho da Cidade, o prefeito também confirmou que vai agendar uma reunião com representantes do MPL para tratar exclusivamente da redução da tarifa. Em nota após o encontro, o movimento disse que não aceita nada menos que a queda dos R$ 0,20 - reajustados recentemente e que motivou a onda de protestos na cidade. Hoje a passagem de ônibus na capital custa R$ 3,20.

"O prefeito insiste em dizer que baixar a tarifa é tirar dinheiro da educação e saúde. Isso não é verdade. Basta diminuir o enorme lucro dos empresários, já quem 70% do custo do transporte é pago pelo usuário, segundo a própria prefeitura", disse o MLP. O movimento reafirmou ainda que não vai sair das ruas enquanto a tarifa não baixar. Um novo ato foi marcado para hoje, com partida na Praça da Sé.

Cenas de guerra nos protestos em SP

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A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Terra flagra manifestantes reprimindo partidários no início de ato em SP
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Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

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No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento, reiterou "a defesa do direito de ir e vir" da população, mas garantiu que não permitirá que os manifestantes prejudiquem a circulação de veículos e pessoas. No mesmo dia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a polícia deve ser investigada por abusos cometidos, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Fonte: Terra
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