O homem que foi baleado durante o sequestro de um ônibus na Rodoviária do Rio de Janeiro, em 12 de março, voltou ao Centro de Tratamento Intensivo após apresentar acúmulo de líquido ao redor dos pulmões e coração. Em boletim médico divulgado pelo Hospital Samaritano Botafogo nesta segunda-feira, 8, a equipe afirma que o estado de saúde de Bruno Lima da Costa Soares, 34, é 'estável'.
Esse acúmulo de líquido ao redor dos órgãos é chamado de 'derrame'. De acordo com o hospital, Bruno foi submetido a um procedimento de drenagem e já iniciou o processo de saída do respirador. Ele deixou o CTI em 29 de março e já se alimentava sentado, em uma poltrona no hospital.
Logo após ser baleado, ele ficou em estado grave, precisou passar por cirurgia com três equipes médicas e recebeu seis bolsas de sangue. Os tiros atingiram o coração, pulmões e baço da vítima, divulgaram os médicos à época.
Bruno é natural de Juiz de Fora (MG) e estava no Rio de Janeiro para um treinamento na Petrobras, empresa pela qual foi recém-contratado após passar em processo seletivo para o cargo de operador de lastro. Ele estava do lado de fora do ônibus que ia para o município mineiro e acabou tomado pelo criminoso, identificado como Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos.
Relembre o caso
Costa foi baleado após Paulo Sérgio suspeitar que estava sendo seguido por policiais e tentar entregar sua arma a um passageiro em uma plataforma de embarque da rodoviária Novo Rio, na centro.
Ao ver a arma, Costa se assustou e saiu correndo. O criminoso, então, deu três tiros em direção a ele, ferindo-o gravemente. Outro passageiro, que estava próximo, também ficou ferido com os estilhaços da bala.
Em seguida, Paulo rendeu os 16 passageiros que já haviam entrado no ônibus. O veículo era da empresa Viação Sampaio e ia para Juiz de Fora, em Minas Gerais. Entre os reféns, estavam uma criança, seis idosos e nove adultos. A empresa havia vendido 43 passagens, mas nem todos estavam no ônibus quando o sequestro começou.
O terminal rodoviário foi totalmente esvaziado para as negociações do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da PM, com o sequestrador, que posteriormente se entregou. Ninguém além dos dois homens inicialmente baleados se feriu.
"Ele (Paulo) disse que é organizador do tráfico na Muzema (favela no Itanhangá, bairro da zona oeste do Rio) e no domingo foi à Rocinha (na zona sul do Rio) para pagar dívidas que tinha em alguns bares", disse o delegado Mário Andrade, titular da 4.ª Delegacia de Polícia e responsável pela investigação sobre o caso, à época do ocorrido.
"Contou que teve uma desavença com um traficante local e esse rapaz atirou nele, mas errou. Ele também atirou e errou. O traficante sobreviveu, e ele passou a ter medo de ser pego", seguiu o delegado. Assustado, o criminoso teria optado por não voltar para casa. Ele se hospedou em hotéis no centro do Rio e decidiu fugir para Juiz de Fora no dia 12.
"Ele foi para a rodoviária, comprou a passagem com dinheiro e achou que despertou suspeita ao tirar do bolso um maço de notas" relatou o delegado. Suspeitando que estava sendo seguido por policiais, ele entrou no ônibus, mas o veículo teve um problema mecânico quando estava saindo da vaga e voltou para a plataforma 42. Enquanto o mecânico da empresa era acionado, os passageiros desembarcaram.
Quando viu um passageiro se aproximando, Lima achou que era um policial e decidiu entregar a arma. Tirou a pistola 9 mm do bolso e estendeu-a em direção a Costa, que não é policial e se assustou com a cena.
Segundo o delegado, Lima já tem duas passagens pela polícia, no Rio e em Minas. Ele deve ser indiciado por três crimes: tentativa de homicídio qualificado; sequestro e cárcere privado; e porte de arma de fogo de uso restrito. O seu envolvimento com o tráfico, como ele próprio admitiu, será investigado.