Imagens exclusivas exibem os últimos registros do cão Joca, da raça Golden Retriever, com vida em Fortaleza, no Ceará. O cachorro morreu na última semana após ter sido enviado pela Gol para um destino diferente do seu tutor, João Fantazzini.
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Os vídeos obtidos pelo Fantástico, da TV Globo, e exibidos no domingo, 28, mostram Joca depois do pouso do avião em Fortaleza. Ele passa pelo carrinho dentro da caixa de transporte e está a caminho de outro avião, para retornar a São Paulo.
"Depois o Renato, eu não sei quem é esse Renato, começou a mandar fotos para mim. Falando que a companhia recebeu o Joca em Fortaleza, que ele estava bem e estava recebendo água", relatou João à emissora.
Nas imagens, uma pessoa aparece interagindo com Joca, que está dentro da caixa. "Pronto ó. Cachorrinho, tranquilo, tem água. Menino do papai, bebê. Tá tranquilinho, bonitinho. Tá bom? Vai retornar lá para Guarulhos", disse uma funcionária.
Às 12h38, o avião com o cão começa a sair de Fortaleza com destino a São Paulo. Mas, ao desembarcar na capital paulista, Joca foi encontrado sem vida pelo tutor. "Aí eu o vi morto. Eu lembro que passei a mão nele, ele estava molhado", afirmou João.
O caso
Na última segunda-feira, 22, Joca deveria ter saído do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) direto para Sinop (MT), mesmo destino do seu tutor. No entanto, por conta de uma falha operacional, o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (CE). Quando retornou para São Paulo para encontrar seu dono, Joca estava sem vida.
De acordo com João, a caixa que transportava o cachorro estava com as informações erradas na etiqueta de identificação, com um nome feminino e com destino a Manaus. "A caixa de transporte dele tinha etiqueta de Manaus, tinha etiqueta de Sinop, tinha duas etiquetas rosas falando assim: esse é o cão Kiara”, disse em entrevista à CNN Brasil.
De acordo com Marcello Primo, advogado da família, um boletim de ocorrência foi registrado pela família do tutor na terça-feira, 23. A companhia será investigada por maus-tratos. Já o resultado da necrópsia de Joca deve sair em 30 dias.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou o boletim de ocorrência. "A Delegacia do Meio Ambiente (DICMA) de Guarulhos instaurou inquérito policial para investigar todas as circunstâncias dos fatos. A autoridade policial segue ouvindo os responsáveis pela logística e analisa imagens visando identificar o responsável pela morte do animal e elucidar os fatos. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia ao trabalho policial", disse o comunicado.
Ao Fantástico, o delegado da polícia cearense Wilson Camelo disse que Joca ficou 40 minutos em Fortaleza e que a investigação tenta elucidar se ele foi tirado da caixa em algum momento. A polícia do Ceará já ouviu cinco testemunhas informalmente. Conforme o delegado, Joca estava vivo quando foi colocado dentro do avião para São Paulo.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), pediu explicações à companhia. A notificação exige que a empresa preste esclarecimentos em até dois dias. O tutor de Joca alega que o animal só tinha permissão veterinária para viajar por quase três horas e não suportou oito horas de voo após uma série de erros da Gol.
No último fim de semana, aeroportos de várias cidades do País registraram atos contra a morte de Joca.
Em nota enviada à TV Globo, a Gol pediu "desculpas pelo acontecimento no caso do cachorro Joca" e disse que "não transporta animais como bagagens". A companhia ainda informou que "até que o processo de investigação em curso possa nos dar as respostas que buscamos e a clareza que precisamos para melhorar controles e rever processos para que isso não volte a acontecer, tomamos a decisão imediata de suspender a prestação do serviço" de transporte de animais.