Incêndio atinge prédio do Copan, centro de São Paulo

Segundo Corpo de Bombeiros, fogo começou nas juntas de dilatação do edifício e não há registros de vítimas

3 out 2024 - 17h20
(atualizado às 20h02)

Um incêndio atingiu o histórico edifício Copan, no centro de São Paulo, nesta quinta-feira, 3. As chamas estão sendo controladas pelo Corpo de Bombeiros, que informa que o fogo começou nas juntas de dilatação do prédio. Ao todo, até nove equipes, somando 28 profissionais da corporação, atuaram na ocorrência, em duas frentes: no 22° andar e no 33° andar do edifício. Não há registro de vítimas.

"Não se trata de incêndio em apartamento, e sim nas juntas de dilatação do edifício, sem informações de vítimas até o momento", informou o Corpo de Bombeiros. Por volta das 20h, a corporação informou que o fogo já tinha sido "controlado". "Estamos quase na fase do Rescaldo, a etapa onde reviramos as cinzas para que não haja reignições. Não tem vítima nessa ocorrência".

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Registros feitos por moradores mostram uma grande quantidade de fumaça saindo pelas janelas da fachada voltada para Avenida Ipiranga, na República. Por causa do incêndio, muitos moradores tiveram de evacuar o prédio e deixar seus apartamentos. Ruas no entorno foram interditadas. Viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana também foram deslocadas para o local.

O prédio é tombado e é um dos principais ícones da cidade de São Paulo. É conhecido especialmente pelas curvas, projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Com cerca de 115 metros de altura, tem 38 pavimentos, dos quais 32 reúnem mais de 1 mil apartamentos. Há, ainda, restaurantes, lojas e escritórios.

O Copan começou a ser construído em 1952, quando Niemeyer já era um arquiteto renomado. O nome é uma sigla para Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, cuja proposta inicial incluía um hotel. O prédio começou a ser habitado em 1966, mas a obra foi totalmente concluída somente seis anos depois.

Atualmente, o edifício está em processo de restauro na fachada frontal. Há cerca de uma década, uma tela recobre o prédio para a proteção de transeuntes.

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Conforme o capitão da Polícia Militar Eduardo Casagrandi, informações preliminares indicam que o fogo começou justamente em um material proveniente de uma obra no prédio.

A tenente Olívia Perrone, do Corpo de Bombeiros, explica o incêndio pode ter começado no 22° andar, e a presença de uma tela de proteção no edifício dificultou a dispersão da fumaça. "Temos informações de que o start do incêndio aconteceu no 22° andar e subiu pela junta de dilatação até o 33° andar, onde a fumaça se acumula. Parte do prédio foi evacuado e o incêndio está controlado", informou Olívia, ao Estadão.

"Depois que o fogo for extinto, será feito o rescaldo, uma análise dos danos da estrutura do prédio. Qualquer sinal de que o incêndio esteja comprometendo a segurança do prédio, uma rachadura muito grande, por exemplo, será chamada a Defesa Civil que, junto com um engenheiro, vai avaliar as condições do edifício", acrescentou.

A Defesa Civil, em nota, informou que o Corpo de Bombeiros segue tentando "verificar a origem da fumaça branca que está saindo entre as juntas de dilatação" do Copan. O órgão reforçou que, até o momento, não há informações de vítimas.

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Incêndio atingiu parte do Edifício Copan, nesta quinta-feira.
Incêndio atingiu parte do Edifício Copan, nesta quinta-feira.
Foto: Alex Silva/Estadão / Estadão

Segundo o diretor de carnaval Judson Sales, de 40 anos, que mora no Copan desde 2009, o fogo teria começado em algum local do prédio acima do 18º andar.

Os blocos D e E foram evacuados e, às 17h15, continuavam interditados - os moradores não podiam entrar nem para buscar animais de estimação, por exemplo, segundo Sales. Nenhum outro bloco está interditado, mas um grupo de moradores idosos do bloco C preferiu descer e se reunir no térreo, relatam pessoas que trabalham em estabelecimentos comerciais do edifício.

O bloco D é de apartamentos maiores e o E tem quitinetes. Segundo Sales, os bombeiros vasculharam apartamentos e não encontraram nenhum foco de incêndio.

Morador do prédio desde a fundação, o empresário e fotógrafo Edyr Sabino, de 68 anos, se assustou quando viu uma fumaça espessa saindo do meio prédio logo após as 16h. "Tinha saído de lá há 15 minutos", conta.

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No momento em que o incêndio começou, ele estava trabalhando em um prédio logo em frente ao Copan. Desceu correndo atrás de informações.

Publicado por @corpodebombeirosdapmesp
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"Só fiquei mais tranquilo quando me disseram que parecia ser uma situação mais pontual", diz. Agora, espera autorização para voltar e finalmente ver como está o apartamento em que mora, no quarto andar.

Os bombeiros usaram o apartamento do arquiteto André di Gregorio, morador do 19° andar, do Bloco D, para entrar no Copan e apagar as chamas por dentro do edifício.

"Eu estava no apartamento, quando comecei a sentir um cheiro muito forte de fumaça. A gente olhou para baixo e vimos um fogo saindo do que parecia ser o 14° andar. Mas ninguém sabe se o incêndio começou de algum apartamento e, a partir disso, foi pra fachada do edifício", contou à reportagem.

Ele explica que a parte de fora do prédio consiste em uma junta de dilatação de borracha e papelão posicionada entre blocos evitar danos na estrutura quando o prédio se mexe. "Por ela ser desses materiais inflamáveis, o fogo acabou se alastrando e indo para fora do prédio na junta entre os blocos D e E".

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"Os bombeiros entraram pelo meu apartamento, começaram a jogar muita água entre os andares por essa junta. Isso já faz algumas horas, mas eles tiveram que voltar porque voltou a subir uma fumaça muito preta de novo. (O incêndio) Estava controlado, acredito que isso seja um resquício.

O médico Luiz Roberto Ramos, de 71 anos, só ficou sabendo do incêndio quando estava descendo de elevador para ir ao banco. "Alguns vizinhos entraram no elevador e disseram que estavam descendo porque sentiram cheiro de queimada", disse.

Luiz conta que, quando chegou na calçada, ainda saía pouca fumaça do prédio. "Logo depois foram chegando mais viaturas. A polícia, então, foi fechando a avenida e controlando a entrada", conta. "Agora é esperar os bombeiros terminarem o trabalho."/COLABOROU PRISCILA MENGUE

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