Irmão de Djidja, ex-sinhazinha do Boi Garantido, acreditava ser Jesus Cristo; entenda seita criada pela família

Seita religiosa era vinculada ao uso recreativo e indiscriminado de um analgésico utilizado em cirurgias de animais de porte grande

2 jun 2024 - 22h46
Ademar e Djidja, irmãos que criaram a seita ‘Pai, Mãe, Vida’ junto com a mãe, Cleusimar
Ademar e Djidja, irmãos que criaram a seita ‘Pai, Mãe, Vida’ junto com a mãe, Cleusimar
Foto: Reprodução/Redes sociais

O irmão de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido que morreu em Manaus, acreditava ser Jesus Cristo na Terra. Já sua mãe, a representação de Maria Nazaré. A própria Djidja, por sua vez, é como se fosse Maria Madalena. Isso era o que pregavam na seita ‘Pai, Mãe, Vida’, criada pela família, que era atrelada ao uso recreativo e indiscriminado de um analgésico usado em cirurgias de animais de grande porte.

Em reportagem do Fantástico, transmitida neste domingo, 2, foi mostrado que tanto Djidja, quanto seu irmão Ademar e sua mãe Cleusimar, usavam a droga -- conhecida como ketamina -- de maneira indiscriminada. Parentes da família, inclusive, contaram terem tentado intervir, mas sem sucesso.

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O intuito, com o uso da droga, era buscar por uma espécie de plenitude espiritual. Porém, na prática, eles se tornaram dependentes químicos, pois a substância é viciante. Por conta disso, passaram a não sair de casa para ficar usando a substância dentro da moradia. Inclusive, quando a Polícia Civil entrou na residência para prender Ademar e Cleusimar, foi constatado que havia um “cheiro de podridão” muito forte.

“Ela ficou muito dependente, então ela não conseguia viver mais sem [a droga]. Ela tava usando fralda. Não conseguia se levantar, [ficava com] as pernas inchadas…”, contou Poliana Cardoso, prima de Djidja, sobre a ex-sinhazinha.

O uso excessivo da droga pode gerar sintomas como alucinações, problemas de memória e concentração, paranoias, ansiedade e depressão. Segundo as investigações, a principal suspeita sobre a causa de sua morte é que tenha sido por overdose. 

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Prisões

A jovem faleceu no último dia 28. Dois dias depois, seu irmão e sua mãe foram presos por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Ele também foi alvo de um mandado por estupro.

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De acordo com autoridades policiais, há cerca de 40 dias, antes mesmo da morte da ex-sinhazinha, foi identificado que o grupo coletava a droga ketamina em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre os funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso.

“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita”, disse Cícero Túlio, delegado à frente do caso, em coletiva de imprensa.

Essa ex-companheira, que teve sua identidade preservada, contou ao Fantástico que as pessoas só poderiam frequentar a casa da família se usassem a droga e meditassem nas orações da seita. Ela chegou a usar a droga e relata que, atualmente, está em tratamento.

Além do irmão e mãe de Djidja, a polícia também prendeu Verônica da Costa Seixas, 30, e Claudiele Santos da Silva, 33, funcionárias do salão de beleza mantido pela família de Djidja. Elas seriam responsáveis por induzir outros colaboradores e pessoas próximas à família a se associarem à seita, onde drogas de uso veterinário eram utilizadas. Além disso, as investigações apontam que era Verônica que comprava a droga ilegalmente sem receita médica.

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Djidja com suas cobras | Djidja representando pelo Boi Garantido
Foto: @instagram

Quem é Djidja Cardoso ?

Nascida no Amazonas, ela se apresentou pelo Boi Garantido entre os anos de 2015 e 2020. Em 2021, Djidja foi convidada para participar do reallity show A Bordo, da TV A Crítica. O programa é um concurso de beleza que confina mulheres em um barco em Manaus. Vitoriosa em sua edição, Djidja conquistou o título de Rainha do Peladão e o prêmio de R$ 30 mil. No passado, sua mãe também já tinha vencido o concurso.

Depois desse período, se tornou empresária, abriu uma rede de salões de beleza e começou a prosperar nos negócios. Em meio a isso, se dedicava à criação de conteúdo digital. Nas redes sociais, onde tem mais de 76 mil seguidores, ela compartilhava dicas de beleza, de saúde, sua vida pessoal e rotina de treinos.

Até que, no último dia 28, ela foi encontrada morta em sua casa. De acordo com fonte da rede Amazônica, que preferiu não se identificar, parentes resolveram ir à casa de Djidja após não conseguir contato com ela por telefone. Lá, encontraram o corpo da empresária na cama.

Em paralelo, estão ocorrendo duas investigações. A primeira, relacionada à suposta seita e o tráfico de drogas, é conduzida pelo 1º Distrito Integrado de Polícia do Amazonas. Já a causa da morte de Dilemar Cardoso Carlos da Silva, 32 anos, conhecida como Djidja Cardoso, está sendo conduzida pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

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Fonte: Redação Terra
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