Pelo menos 2 mil pessoas fizeram uma manifestação, na noite desta quinta-feira, contra o aumento da passagem de ônibus de Porto Alegre, onde o preço está congelado por força de liminar, e para apoiar as mobilizações que têm ocorrido em diversas partes do País. Os manifestantes relacionavam a mobilização com os protestos no exterior. “Isso aqui vai virar uma Turquia”, gritavam. Apesar do caráter pacífico, muros foram pichados e vidraças de bancos foram quebradas no trajeto que percorreu as principais ruas da capital gaúcha. Já no final, houve confronto com a polícia com lançamento de bombas de efeito moral, após lixeiras terem sido incendiadas.
De acordo com a Brigada Militar, a manifestação foi tranquila, mas, durante a caminhada, houve depredação do patrimônio público e privado, o que provocou a prisão de 23 pessoas. A polícia também alega que, em momentos do protesto, foi apredejada por alguns manifestantes.
A mobilização começou por volta das 18h em frente a prefeitura, onde munidos de cartazes, e alguns com os rostos cobertos, os manifestantes começaram o ato. A Guarda Municipal fez um cordão de isolamento por temores de novas tentativas de invasão - que não se confirmaram -, enquanto manifestantes gritavam palavras de ordem prometendo parar o Brasil, pedindo a presença do prefeito etc.
Por volta das 19h, começaram a marchar pelas ruas do Centro de Porto Alegre. Manifestantes picharam muitos muros, viraram lixeiras, jogaram pedras contra vidraças de bancos e picharam ônibus parados no caminho em meio ao trânsito parado.
Mas, dada a diversidade do movimento, vários manifestantes criticavam a atitude de vandalismo de alguns: “imbecil”, “isso não é estudante”, diziam. Além disso, enquanto lixeiras eram viradas, um grupo tentava arrumar a bagunça colocando-as no lugar.
Já saindo do Centro da cidade, um manifestante jogou gás de pimenta contra outro que tentava quebrar os vidros de um banco. Em meio a tudo isso, a Brigada Militar (PM local) apenas observava, e, até então, não agiu em nenhum momento, mesmo após rojões terem sido detonados ao lado de policiais.
A situação ficou mais tensa quando os manifestantes chegaram à avenida João Pessoa, na Cidade Baixa. Lixeiras foram reviradas e incendiadas, provocando a reação da polícia, que atirou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Fachadas de estabelecimentos comerciais também foram atingidas. O Bar Pinguim, na rua Lima e Silva, cujos garçons são acusados de homofobia, foi depredado por alguns manifestantes.
Pressão popular impede aumento
Desde que entrou em vigor o valor de R$ 3,05, no dia 25 de março, jovens saíram às ruas da cidade em uma série de protestos. Em um dos atos, os manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar em frente à prefeitura, o que gerou críticas de Fortunati.
No dia 1º de abril, uma multidão de cerca de 5 mil pessoas saiu em caminhada no Centro e parou a cidade. A pedido dos vereadores do Psol Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, o juiz Hilbert Maximiliano Obara determinou a suspensão do aumento da passagem até o julgamento do mérito da questão. Assim, a tarifa voltou a R$ 2,85.
Após a determinação judicial, Fortunati pediu à presidente Dilma Rousseff, em nome da Frente Nacional de Prefeitos, ajuda para medidas que possam subsidiar o preço da passagem de ônibus na capital gaúcha.
No início de março, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou a revisão do cálculo de reajuste das passagens de ônibus em Porto Alegre. A decisão negava o pedido da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para manter no cálculo de reajuste a frota reserva das empresas. Segundo o Ministério Público de Contas (MPC), que pediu a revisão, a decisão poderia deixar a tarifa até 10% mais barata que a atual. Desde 2012, diversos protestos contra o aumento das passagens foram realizados na capital gaúcha.