A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) afirmou que conseguiu na Justiça uma liminar que obriga a retirada de membros do Sindicato dos Estivadores de Santos, litoral de São Paulo, do navio Maersk La Paz. O grupo de cerca de 70 estivadores ocupa o terminal da empresa desde o início desta tarde. De acordo com o último balanço divulgado pela Companhia Docas do estado de São Paulo (Codesp), sete das 29 embarcações atracadas ficaram paralisadas devido aos protestos.
A ocupação ocorreu através da travessia Santos-Guarujá. Para chegar até o terminal, manifestantes entraram como passageiros normais e invadiram três barcas e exigiram que os comandantes os levassem ao terminal. Eles se negaram e chamaram a Guarda Marítima. Após negociação, eles foram levados até o local numa lancha.
"Fizemos isso para que a Embraport volte a negociar conosco. Queremos que eles mantenham o sistema em que estávamos trabalhando, hoje somos avulsos. Vamos ficar no navio até tomarem uma providência. O trabalhador veio ocupar o seu espaço, de direito, de trabalho", afirmou João Carlos de Oliveira Ribeiro, Magal, segundo secretário do Sindicato, que negou um conflito com os seguranças.
"A nossa ocupação foi feita e eles (seguranças da Embraport) que jogaram coisas em cima de nós, mas ninguém se feriu. Fomos recebidos a bala pela segurança aqui", completou.
A Embraport solicitou a presença da Polícia Federal e disse em nota repudiar "atos de violência e agressão". A empresa, agora, espera que os manifestantes"façam uma desocupação pacífica" reiterando que está aberta para conversas com entidades sindicais e que, desde o início do ano, vem tentando insistentemente assinar um acordo, mas que esbarra em "intransigência" no regime de contratação oferecido. Os trabalhadores desejam garantias trabalhistas com base na nova Lei dos Portos.
Os protestos dos cerca de 1 mil estivadores durante a manhã de quarta-feira em Santos já havia prejudicado a operação de 13 navios no Porto. Ao Terra, Magal já havia confirmado que a manifestação seria estendida antes da reunião com integrantes da Embraport, agendada para sexta-feira.
A desocupação deve ser feita também na sexta-feira. Os manifestos em Santos foram iniciados por volta das 5h, no centro da cidade, e cessaram quando grupos sindicais se reuniram com políticos. Membros do Sindicato dos Estivadores se reuniram com o chefe de gabinete da prefeitura de Santos, Rogério dos Santos.
Greve geral
Milhões de trabalhadores prometem cruzar os braços e paralisar serviços fundamentais como bancos, indústria, obras, transporte público e construção civil em várias cidades. Entre as entidades que aderiram a paralisação nacional estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Chamado pelos sindicatos de greve geral, o movimento - que pegou carona na onda de protestos que atingiu diversas cidades brasileiras em junho - é o quarto desse tipo em 190 anos, desde a Independência (7 de setembro de 1822). Em 2013, a novidade é a unificação dos sindicatos e movimentos sociais em uma pauta que cobra o avanço do Brasil.
Veja a lista divulgada pela Força Sindical das cidades que devem participar do dia de paralisações:
ESTADO | CIDADES |
Amazonas | Manaus |
Alagoas | Maceió |
Bahia | Salvador, Itabuna, Alagoinhas, Brumado, Caetité, Jequié, Camaçari, Nazaré, São Roque e Itabuna |
Ceará | Fortaleza |
Distrito Federal | Brasília |
Espírito Santo | Vitória |
Goiás | Catalão e Anápolis |
Mato Grosso | Cuiabá |
Mato Grosso do Sul | Campo Grande |
Minas Gerais | Belo Horizonte e Ipatinga |
Pará | Belém |
Paraná | Curitiba |
Pernambuco | Recife |
Rio de Janeiro | Rio de Janeiro, Volta Redonda e Resende |
Rio Grande do Norte | Natal |
Rio Grande do Sul | Porto Alegre e Região Metropolitana |
Santa Catarina | Florianópolis, Criciúma, Itajaí e Chapecó |
São Paulo | São Paulo, Osasco, Santo André, Guarulhos, São Caetano, Santos, Barretos, Marília, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca, Santos, Sorocaba, São José dos Campos, Lorena, Araçatuba, entre outras. |
Sergipe | Aracaju |