Uma professora foi demitida da Escola Municipal Vereador Felipe Avelino Moraes, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, após contar a uma aluna, por mensagens, que havia beijado um outro aluno de 14 anos. A mãe dessa menina viu as mensagens e denunciou a professora à instituição. No entanto, um outro adolescente, amigo da garota, também sofreu as consequências dessa denúncia, sendo agredido por outros estudantes.
Ao Terra, Helena Andria, a mãe desse aluno agredido, contextualizou que foi no dia 28 de setembro que a mãe da melhor amiga de seu filho denunciou o comportamento inadequado da professora na escola. No mesmo dia, depois que a diretora da unidade permitiu que a professora identificasse a denunciante, a jovem e o filho dela foram cercados por sete colegas na porta da escola.
"Nesse dia, eles voltaram pra dentro da escola correndo, foi chamada a Guarda Municipal, e dali nós saímos e fomos pra delegacia fazer o boletim de ocorrência", conta a mãe do estudante.
As ameaças e agressões continuaram nos dias seguintes, com xingamentos e intimidações direcionados a ambos os alunos. Helena alega que houve falta de intervenção efetiva por parte da escola, que não acionou o Conselho Tutelar e o Ministério Público.
Conforme ela conta, no dia 14 de novembro, a situação piorou quando três adolescentes, incluindo o aluno envolvido com a professora, seguiram o filho dela e o agrediram na esquina de sua casa.
"Nesse dia foi premeditado, eles seguiram meu filho e na esquina de casa os três agrediram ele covardemente. Jogaram no chão, deram pontapés, socos, ele teve uma lesão no rosto e um trauma abdominal. Quando ele estava apanhando, o aluno que teve um relacionamento com a professora falou: 'você está apanhando por conta do ocorrido com a professora'. E ainda disse: 'Sua mãe vai chorar na porta da delegacia. O certo era ela chorar na porta do cemitério' ", conta a mãe.
O trauma abdominal levou o adolescente à hospitalização e ele ficou internado do dia 16 até quarta-feira, 22, e agora requer acompanhamento psicológico. Helena critica a omissão da escola, que, segundo ela, elaborou uma carta ao Conselho Tutelar quase três meses após a denúncia inicial.
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informa, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), que a professora citada no caso foi desligada dos quadros funcionais da prefeitura por má conduta, assim que a pasta municipal soube do ocorrido. Ainda visando preservar os alunos, a direção da escola remeteu os fatos ao Conselho Tutelar, por se tratar de órgão de proteção da criança e do adolescente.
No que diz respeito à agressão, a pasta municipal afirma que o caso de violência não tem relação com a questão anterior, sendo motivada por outro assunto, e que a briga entre os alunos ocorreu fora da unidade escolar. "A pasta municipal lamenta o ocorrido com o aluno vítima de agressão, afirma que não compactua com tais atitudes e adotará ações de conscientização com os estudantes para que novos casos não ocorram", acrescentou.
O advogado Thiago Rodrigues, representante da família do estudante agredido, rebate o que é alegado pela prefeitura. "O que eles alegam tem mais como fundamento justificar a omissão praticada pela diretora. Porque se eles tivessem coibido a questão lá atrás, quando iniciou o problema, não teria tido esse desdobramento. Por coincidência, foram os mesmos adolescentes envolvidos na mesma questão, pelo mesmo motivo, que inclusive mencionaram o fato, que agrediram o filho da Helena", destaca.
O advogado destaca que a vítima é um jovem de 14 anos, sem histórico de violência, que, de acordo com ele, só foi agredido por ser amigo da filha da denunciante. Rodrigues afirma que pretende ingressar com uma denúncia no Ministério Público para investigar não apenas a conduta da professora, como também a atuação da direção da escola diante da situação.
A Polícia Civil informa que o caso foi registrado no 3º DP de Praia Grande, onde é investigado. A autoridade policial realiza diligências para intimar todos os envolvidos e esclarecer os fatos. "Detalhes serão preservados por envolver menor de idade", acrescentou a corporação.