Uma manifestação no Largo do Bicão, na Vila da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, reuniu na noite desta sexta-feira integrantes de diferentes religiões contra a intolerância religiosa e dar apoio à menina Kaillane Campos, de 11 anos, que levou uma pedrada na cabeça, após sair, no domingo (14), de um culto de candomblé no mesmo bairro. A avó da jovem, Kátia Marinho, disse à Agência Brasil que além de integrantes do candomblé e da umbanda, estavam presentes católicos, evangélicos e pessoas inclusive de fora do Rio – das cidades de Petrópolis e de Volta Redonda. No domingo haverá outra manifestação às 10h, no mesmo local, e já está confirmada a participação de evangélicos da Igreja Nova Vida.
“Hoje é outro marco. Nunca um candomblé foi tocado ao ar livre, em uma praça, e pessoas de outras religiões puderam colocar os ideais delas. Hoje é o primeiro candomblé em praça pública para mostrar que o espaço é de todos, que não tem o melhor nem o pior. Cada um com a sua fé. Somos todos irmãos. Isso está na palavra de Deus”, disse Kátia Marinho.
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Para ela, é preciso chamar a atenção para os casos de intolerância, mas também é importante mostrar que somente a liberdade religiosa pode garantir a paz. Kátia defendeu ainda a prisão dos agressores da neta. “A pedrada da Kaillane foi em todo mundo, foi no Brasil, foi em toda pessoa do bem. Essa pedrada não foi só na Kaillane. Ela foi o veículo para que a gente possa gritar e exigir que achem esses culpados, e eles sejam condenados como bandidos. Eles não são religiosos”, analisou.
Kátia disse ainda que pretende pedir ao ministro-chefe da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, que faça uma campanha nacional em favor da liberdade religiosa. O instrumento para isso é um abaixo-assinado criado pela própria menina, que não quer que outras pessoas passem pela violência que sofreu. O abaixo-assinado pode ser acessado no site www.change.org/LiberdadeReligiosa.
No texto do documento, Kaillane diz: “O país já teve muitas campanhas contra o racismo, a homofobia e a violência contra a mulher. Isso é ótimo! Chegou a hora de termos também uma campanha contra a intolerância religiosa”.
A coordenadora do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos, da Superintendência de Direitos Difusos do governo do Rio de Janeiro, Lorrama Machado, explicou que o abaixo-assinado é um segundo passo depois do início da campanha "Eu visto branco" nas redes sociais, criada pela mãe da menina, Karina Coelho Marinho, que é evangélica.
“É um grande passo. Agora a sociedade vai se mobilizar. Nas redes sociais as pessoas mostram que estão indignadas com o que aconteceu com uma menina de 11 anos. Eu hoje mesmo botei no Facebook, e em menos de cinco minutos que tinha postado um vídeo, pedindo que meus amigos assinassem, tive 30 amigos dizendo que já tinham assinado. Isso vai fazer com que o estado se posicione e peça a punição. É o que está faltando para estes criminosos”, disse ela.
Lorrama Machado lembrou que em menos de uma semana três casos se tornaram públicos no Rio. Além de Kaillane, teve o apedrejamento do templo do Mago do Humaitá, na zona sul da cidade, e hoje a morte do médium do Lar de Frei Luiz, Gilberto Ribeiro Arruda, de 73 anos.
A coordenadora do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos informou que foi transferido, de hoje para segunda-feira (22), o encontro da jovem e da avó dela, com o chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Fernando Veloso. A reunião