Manifestantes chamam Cesar Maia de 'ladrão' na porta da Câmara do Rio

Ex-prefeito e atual vereador do Rio foi hostilizado por grupo que estava na escadaria da Câmara, em apoio a manifestantes que ocupam a Casa

12 ago 2013 - 18h14
(atualizado às 18h14)
<p>Ex-prefeito foi hostilizado e teve dificuldades para deixar a Câmara de Vereadores do Rio</p>
Ex-prefeito foi hostilizado e teve dificuldades para deixar a Câmara de Vereadores do Rio
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Manifestantes que seguem protestando na porta da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro hostilizaram o ex-prefeito da cidade, Cesar Maia (DEM). O político, um dos 51 vereadores do Rio, saía do Palácio Pedro Ernesto na tarde desta segunda-feira, quando teve o carro cercado por um grupo que permanece na entrada da Câmara. Aos gritos de "ladrão", Maia teve dificuldades para deixar o local. Alguns manifestantes cuspiram no veículo que transportava o vereador.

Na tentativa de conter as pessoas, assessores do ex-prefeito bateram boca com os manifestantes. Alguns deles diziam que Maia não tinha assinado o requerimento que pedia a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus. Outros lembravam, que, na verdade, Maia - um ferrenho opositor do prefeito Eduardo Paes (PMDB) - havia se colocado a favor da instalação da comissão.

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Além de Maia, os manifestantes xingaram profissionais da Rede Globo e atacam, constantemente, os profissionais da imprensa que fazem a cobertura da ocupação da Câmara.

Cesar Maia deixava a reunião na qual as principais lideranças da Câmara tentaram fazer um novo arranjo na composição da CPI dos Ônibus. Chiquinho Brazão (PMDB), nomeado para a presidência da CPI, não compareceu ao encontro. Outros três vereadores da base do governo que foram escolhidos para a CPI também faltaram. O relator, Professor Uóston (PMDB), Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC) não estiveram na Câmara na tarde desta segunda-feira. Eles não assinaram o requerimento para a criação da CPI, e os manifestantes exigem que eles sejam retirados da comissão.

O vereador Eliomar Coelho (Psol) disse que ficou acertado que a sessão de instalação da CPI, prevista para esta terça-feira, não seja feita até que os vereadores que não apareceram sejam consultados a respeito de possíveis mudanças. Coelho alega que houve falhas na votação para definir a composição da comissão, e elas precisam ser corrigidas. O presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), pretende se encontrar ainda nesta segunda-feira com os parlamentares.

Nove pessoas ainda permanecem no plenário da Casa Legislativa, e afirmam que só sairão se um conjunto de nove reivindicações começarem a ser atendidas. Entre os pleitos, está a troca de comando da CPI dos Ônibus. Eles exigem que Eliomar Coelho substitua Chiquinho Brazão.

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"Fizemos um acordo com a segurança da Casa e vamos desocupar a plenária apenas durante as sessões", disse um dos manifestantes, que diz se chamar Amarildo em relação ao pedreiro que esta desaparecido há quase um mês na Rocinha. "Somos todos Amarildo", afirmou.

Com luz e água, mas com a internet cortada, eles reclamam de uma suposta ação orquestrada contra eles, mas não temem serem retirados à força. "Estamos sempre conversando e tudo está sendo bem acertado", avalia o manifestante.

Mas o movimento começa a dar sinais de cansaço, depois de quatro dias de ocupação. Dois manifestantes deixaram o prédio na tarde desta segunda-feira: um por pneumonia e outro que tinha que voltar ao trabalho. "A estratégia agora é que a Câmara reabra as sessões a partir de amanhã ao público, e assim quem está no apoio na escadaria possa entrar para render os que estão lá dentro", disse um integrante que preferiu não se identificar, em referência ao grupo que se encontra do lado de fora da Câmara, em apoio aos ocupantes do prédio.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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