O protesto de índios a favor da demarcação de terras que chegou ao Congresso Nacional ganhou a adesão de manifestantes contra a Copa do Mundo e paralisou o centro de Brasília nesta terça-feira. O confronto com a Polícia Militar começou por volta das 17h no Eixo Monumental, nas imediações do Estádio Nacional Mané Garrincha.
Logo após um protesto que ocupou a marquise do Congresso, um grupo de 400 indígenas seguiu em direção à rodoviária do Plano Piloto, onde encontrou outro grupo, desta vez formado por pessoas ligadas ao movimento dos sem-teto e manifestantes contra a realização da Copa do Mundo. Eles também cobram respostas em relação ao desaparecimento do ajudante de serviços gerais Antônio de Araújo, que foi visto pela última vez após uma abordagem policial. No total, 2,5 mil manifestantes ocuparam as avenidas no centro da capital.
Cerca de 900 policiais militares foram deslocados para conter o protesto. A organização do tour da taça da Copa do Mundo suspendeu a visitação, realizada no estacionamento da arena, para resguardar a segurança. Diante do isolamento feito pela polícia, os manifestantes ocuparam o Eixo Monumental causando um nó no trânsito da capital, que chegou a um engarrafamento de 27 quilômetros na região central.
Bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral foram lançadas pela polícia, mesmo com a presença de motoristas que ficaram presos no trânsito. À medida em que os automóveis e ônibus eram desviados para outras vias, os manifestantes mudavam a estratégica e acompanhavam os desvios para interromper ainda mais o fluxo dos carros. Eles ainda aproveitaram a presença de paus, pedras e matérias de construção ao longo do Eixo Monumental para atirar os objetos contra a polícia.
Segundo a Polícia Militar, um membro da corporação foi ferido na perna por uma flecha disparada por um índio. Ele não foi preso, mas apreendido pelo fato de a legislação considerá-lo inimputável, e vai assinar um termo de compromisso na delegacia.
De acordo com a Agência Brasil, os manifestantes que seguiam rumo ao estádio tinham uma taça alternativa da Copa do Mundo para substituir o troféu original, que estava em exibição na área externa da arena. A Coca-Cola, que organiza o tour da taça da Copa do Mundo, divulgou nota na qual afirma que "manifestações públicas e pacíficas são parte do processo democrático e da livre expressão de opiniões". No entanto, a empresa lamentou que o protesto tenha impedido que centenas de pessoas que aguardavam na fila conseguissem visitar a taça.
"Em nome da segurança de todos, a visitação desta terça-feira foi encerrada mais cedo por recomendação de autoridades públicas. A etapa brasileira do Tour da Taça da Copa do Mundo da FIFA já passou por 25 cidades e foi visitada por mais de 380 mil pessoas. Em princípio, a exposição desta quarta-feira, dia 28, está mantida, a partir das 9h", destaca a nota.