As manifestações que tomaram o País na última segunda-feira contra o aumento nas tarifas de transporte público levaram milhares de pessoas às ruas e foram motivo de orgulho para inúmeros internautas, que relataram pelas redes sociais como foi participar de um dia que muitos definem como "histórico".

"Durante a manifestação - percorremos o trecho entre a estação Faria Lima e a ponte Estaiada - não presenciei nenhum ato de vandalismo. A única violência vinha das palavras de indignação dos manifestantes. Mais que uma manifestação, foi um desabafo", conta um dos manifestantes.

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"Vários ônibus no meio do caminho, parados, vazios, como se estivessem pedindo para ser depredados. Mas não, passaram incólumes, com cartazes e flores colados ao redor (...) O sentimento e a energia que foram depositadas nestes atos devem estar conosco todos os dias. Isso é política, isso é cidadania. E aquele papo dos R$ 0,20? Vamos provar que serão os vinte centavos mais caros que o País pagará!", escreveu @bl_teixeira.

A internauta Maria Inês Aranha, que também participou do protesto em São Paulo, destacou a civilidade dos manifestantes. "Percorri a pé o trajeto do trabalho até a minha casa (cerca de 5,5 km de acordo com o Google)", relata.

"Vi ruas vazias, bloqueios de interdição e pontos com grupos maiores de manifestantes. Desses pontos vale destacar a rua Teodoro Sampaio, o vão livre do MASP e a avenida Brigadeiro Luís Antônio, que ficou completamente tomada pela população no sentido Jardins. Ouvi gritos de guerra, coros entoados por completos desconhecidos e, principalmente, muita civilidade durante todo o protesto! Os policiais eram figurantes. Viram tudo de camarote, aparentemente atônitos", descreveu. 

A mineira @lanaperazoli relatou, na noite de segunda-feira, a emoção de ter participado do protesto em Belo Horizonte, e as cenas de violência que presenciou durante a manifestação. "Achei a coisa mais linda ver todo mundo junto, unidos por uma causa nobre.. os de moicano, os tatuados, mãe e filho, terno e gravata, criança, velhinhos, homem, mulher...Estava muito perfeito até começarem as bombas e os tiros, cena de guerra em questão de segundos! Ainda estou em estado de choque, porém muito orgulhosa!".

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Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, bombas de gás lacrimogênio lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

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No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento, reiterou "a defesa do direito de ir e vir" da população, mas garantiu que não permitirá que os manifestantes prejudiquem a circulação de veículos e pessoas. No mesmo dia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a polícia deve ser investigada por abusos cometidos, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

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O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

Fonte: Terra
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