Marcha da Maconha reúne 4 mil em Brasília

23 mai 2014 - 20h09
(atualizado às 20h15)

A Marcha da Maconha ocupa nesta sexta-feira as ruas da região central de Brasília. São 4 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal, que reivindicam a legalização da maconha. "A gente quer colocar em pauta a legalização da maconha. A gente acredita que a legalização é um passo chave para o Brasil avançar na solução de uma série de outros problemas, como a repressão a comunidades pobres, a criminalização de movimentos sociais, entre outros", explica um dos organizadores da marcha em Brasília, Marcelo Pedroso.

O ato reúne ativistas, movimentos e coletivos. Entre eles, os coletivos CannaCerrado, Movimento pela Legalização da Maconha, Apologia, 4h20 horário de Brasília, SmokeBuddies e Flor & Cultura. Os manifestantes querem enfrentar o preconceito e o tabu que ainda cerca o debate sobre o tema. "Quem fuma maconha também estuda, trabalha", enfatiza a doutoranda em filosofia Constança Barahona.

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Eles também comemoram avanços, como a regulamentação da produção, comercialização e uso da maconha em países como o Uruguai, o que consideram ter dado força ao movimento no Brasil, que defende que, com a legalização, haverá a redução da violência gerada pelo tráfico e a diminuição do número de presos por crimes associados ao uso da substância.

Para defender a causa, a estudante de filosofia Cecília Borges trouxe a filha, Mirra, de 5 meses. "Eu quero que ela cresça em um mundo onde haja liberdade de escolha e não em um lugar onde o Estado é que impõe (o que pode ou não ser feito)", diz.

No Congresso Nacional, pelo menos três iniciativas tratam do assunto. Uma delas, fruto de iniciativa popular, foi apresentada por meio do Portal e-Cidadania do Senado Federal, com 20 mil assinaturas. A proposta é que o uso da maconha seja regulamentado, como ocorre com outras drogas, como bebidas alcoólicas e cigarro. A sugestão está na Comissão de Direitos Humanos do Senado, sob relatoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Na Câmara, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) protocolou projeto (PL 7.187/2014) que prevê a descriminalização do consumo, produção e comércio da maconha. Há também o PL 7.187/2014, do deputado Eurico Júnior (PV-RJ), que trata do tema.

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Esta semana, Cristovam Buarque divulgou estudo que mostra que a maconha ocupa o terceiro lugar em consumo de drogas no Brasil, atrás do álcool e cigarro. O relator também destaca que, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2013, a cannabis continua sendo a substância ilícita mais utilizada no mundo.

As marchas da maconha surgiram nos Estados Unidos, na década de 1990. No Brasil, são realizadas sobretudo no primeiro semestre, a partir do dia 20 de abril, que corresponde a 4/20 em formato estrangeiro de data, que é considerado o Dia da Maconha. Neste ano, várias atividades aconteceram simultaneamente no Rio de Janeiro e São Paulo. Já o mês de maio é tido pelos movimentos como o Maio Verde.

Nesta sexta-feira, os manifestantes marcharam até o Congresso Nacional, onde se posicionaram no gramado para formar o desenho de uma folha de maconha. Neste momento, parte dos manifestantes compartilha um grande cigarro de maconha na marcha. A polícia disse que está no ato para garantir a segurança e não para reprimir os participantes. O protesto ainda voltará para o Museu Nacional, onde teve início. Lá, às 19h, haverá uma aula pública com o neurocientista Renato Malcher.

Pelo Facebook, mais de 16 mil pessoas confirmaram presença nas marchas, em pelo menos 16 cidades. Neste sábado, atos semelhantes ocorrem em Campo Grande e Nova Iguaçu. No domingo, em Fortaleza, Curitiba, Santa Maria (RS), Natal e Aracaju. A programação completa pode ser acessada no site da Marcha da Maconha.

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Agência Brasil
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