Mesmo em meio ao caos, comerciantes faturam em Porto Alegre

Camisetas, bandeiras do Brasil, capas de chuva e cachorro-quente estavam entre os produtos mais vendidos

21 jun 2013 - 13h21
(atualizado às 13h22)
Comerciante vende camisetas com o lema dos protestos que se espalharam pelo País
Comerciante vende camisetas com o lema dos protestos que se espalharam pelo País
Foto: Daniel Favero / Terra

A onda de protestos despertada pelo aumento de passagens de ônibus, mas fortalecida pela revolta geral e insatisfação contra o governo, políticos e instituições governamentais, ganhou apoio maciço da população (com exceção dos episódios de vandalismo). Com isso, logo aparecem as oportunidades de negócio, mesmo que em meio ao caos de uma aglomeração que não tem muita liderança definida.

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Na noite de quinta-feira em Porto Alegre, os comerciantes faturavam com a venda de camisetas com os dizeres: “Vem Pra Rua”. “Eu mandei fazer 100 camisetas e até agora (por volta das 17h, antes do início da marcha) já vendi umas 70”, afirmava o comerciante Adalberto Rodrigues.

Segundo ele, as bandeirinhas do Brasil, vendidas à R$ 5, também tiveram uma boa saída, mas ele nem sabia ao certo quantas tinha vendido. Mas, para ele, a chuva fina que perdurou durante quase todo o dia trouxe melhores oportunidades de negócio. “Bom mesmo esta vender capas de chuva, o pessoa já vendeu umas 3 mil”, dizia.

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Durante as manifestações muitos se comportam como se estivessem em um evento social, tomando cerveja e vinho. Com o comércio fechado, em virtude dos temores de depredação, uns gritavam “onde eu vou comprar vinho agora?”.

De volta a prefeitura, onde os manifestantes se reuniram inicialmente, a caminhonete do “Cachorrão do Alemão” faturava com a venda de cachorro-quente, como se nada estivesse acontecendo. Os conflitos entre a polícia e manifestantes se intensificaram no local, mas Alemão seguia vendendo seus lanches mesmo em meio as balas de borracha e gás lacrimogênio. Perguntado se a situação lhe incomodava, o comerciante apenas sorria, e se voltava para os clientes. “Estou mais preocupa com a chegada de mais mercadoria, mas qualquer coisa vou vender tudo que tem aqui”, dizia.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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