MG: cerca de 100 pessoas fazem ato pedindo volta da ditadura

O grupo era liderado por estudantes que se identificaram como de direita e militares aposentados do Exército e da Polícia Militar

22 mar 2014 - 19h14
(atualizado às 19h40)
<p>Cerca de 100 pessoas fizeram um ato pedindo a volta dos militares ao poder na tarde deste sábado, na região central de Belo Horizonte</p>
Cerca de 100 pessoas fizeram um ato pedindo a volta dos militares ao poder na tarde deste sábado, na região central de Belo Horizonte
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Cerca de 100 pessoas fizeram um ato pedindo a volta dos militares ao poder na tarde deste sábado, na região central de Belo Horizonte. O evento, chamado Marcha da Família em Deus, foi convocado e divulgado no Facebook. A concentração foi em frente ao 12º Batalhão de Infantaria do Exército.

O grupo era liderado por estudantes que se identificaram como de direita e militares aposentados do Exército e da Polícia Militar. Primeiro, eles cantaram e discursaram proferindo palavras de ordem contra o comunismo e o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Depois, saíram em passeata, "puxados" por um carro que tocava músicas militares e os hinos Nacional e da Bandeira. O grupo defende a criação de uma chapa para concorrer à Presidência da República encabeçada pelo general Augusto Heleno e pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ).

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Em discursos inflamados, gritaram pedindo que as forças armadas tomem o poder, como ocorreu há 50 anos, no que o grupo definiu como "revolução vitoriosa", explicou o tenente-coronel aposentado do Exército Pedro Cândido Ferrerira Filho, que fez questão de exaltar, ao megafone, que foi um dos militares que participou do golpe de 1964.

Túlio Naves, pesquisador de mercado, foi um dos organizadores da marcha em Belo Horizonte. Para justificar o movimento, disse que as pessoas que participaram "têm as mesmas ideologias e estão cansadas de tanta corrupção no governo e no Congresso, por isso defendem a dissolvição do parlamento e a tomada do poder". "Intervenção militar não é golpe, está amparada pela Constituição", argumentou.

O técnico em informática Rodrigo Teixeira, 22 anos, neto de um coronel do Exército, disse que sempre ouviu do avô que "naquela época as pessoas viviam melhor. O Brasil era um país íntegro, não tinha tanta corrupção, roubalheira", afirmou.

Também neto de oficial do Exército, o estudante J. M., 18 anos, pediu para não ter o nome revelado. Disse que o avô também contava a ele "histórias boas" do período militar. Perguntado se concordava com a tortura a que muitos presos políticos foram submetidos, respondeu: "O que a gente tem que entender da revolução de 64 era que o contexto era o da Guerra Fria e os comunistas queriam tomar o poder. A revolução de 64 salvou o País de ser uma Coreia do Norte. Houve tortura de modo individualizado, não institucionalizado. E a tortura se justifica porque, se alguém não fizesse alguma coisa, o Brasil iria afundar", afirmou.

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Fonte: Especial para Terra
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