O Ministério da Saúde anunciou na noite desta sexta-feira que depositou R$ 2.248.000,00 em conta judicial destinada ao tratamento da menina Sofia Gonçalves de Lacerda, de cinco meses, que sofre de uma síndrome rara que impossibilita o funcionamento do sistema digestivo. A família da menina travava uma batalha judicial contra a União para que o tratamento fosse custeado em um hospital dos Estados Unidos, já que o transplante do qual a menina necessita para sobreviver não é realizado no Brasil.
Ao Terra, o Ministério da Saúde informou que, cumprindo decisão do Tribunal Federal da 3ª Região, em São Paulo, providenciou cotação do voo de Unidade de Terapia (UTI) aérea e a emissão de passaportes da criança e de acompanhante, no prazo estipulado de 72 horas.
O advogado da família de Sofia, Miguel Navarro, confirmou o depósito do valor. “Uma justiça em nome de todos os brasileiros. Estou com a alma lavada. Mesmo que ainda tenha que fazer alguns trâmites judiciais, agora posso dizer ‘vencemos’. A vida venceu a morte. Estou muito feliz, realizado pela Sofia, pelos pais, pelo povo brasileiro. E também por todo mundo, pois várias pessoas do mundo estavam unidas nessa luta”, comemorou.
O Ministério da Saúde informou ainda que recebeu do Hospital Samaritano em Sorocaba (SP), onde a menina está internada, laudo médico atestando que ela tem condições clínicas de viajar. A remoção agora depende da transferência dos recursos ao hospital em que será realizado o tratamento, o Jackson Memorial Medical Center, em Miami.
A transação bancária ficará a cargo da família de Sofia. Navarro aguarda as informações bancárias do hospital para a transferência do valor, que corresponde ao transplante e aos dois anos de tratamento em que a menina será submetida nos Estados Unidos. Após o pagamento e o agendamento de uma data, o Ministério da Saúde ficará responsável por repassar as informações de Sofia e do acompanhante à companhia que realizará o transporte e marcará a data do voo.
Nova batalha
Em solo americano, Sofia terá mais uma batalha pela vida: a de encontrar um doador compatível. A estimativa é que isso aconteça entre três e seis meses, segundo o cirurgião e diretor de transplantes do Jackson Memorial Medical Center que fará a cirurgia da menina, Rodrigo Vianna. Segundo ele, as chances de sobrevivência são de 80% nos Estados Unidos.
Para o médico, o peso da atual de Sofia não interfere na realização da cirurgia. De acordo com ele, quanto menor a criança, mais difícil é achar um doador, mas o fator mais importante não é o peso, e sim as complicações para a saúde do paciente.
Patrícia Lacerda da Silva, mãe da menina, diz que a família já está de malas prontas para a viagem e aguarda com expectativa. Ela tem esperanças de que a filha retorne ao Brasil curada da Síndrome de Berdon. “Ela estando no hospital lá, eu fico menos preocupada. Esses dias ela piorou um pouco, teve uma infecção urinária e a barriguinha ficou distendida. Os médicos daqui não podiam fazer nada por ela”, disse.