Moradores de Ipanema estão apreensivos com crateras

11 mai 2014 - 20h03
(atualizado às 20h04)

Moradores de Ipanema, zona sul do Rio, estão apreensivos com a abertura de duas crateras nas obras para a construção da Linha 4 do Metrô. Na madrugada deste domingo, eles foram surpreendidos com os dois buracos que surgiram na rua Barão da Torre, no trecho entre as ruas Teixeira de Melo e Farme de Amoedo, onde está sendo escavado o subsolo com um equipamento chamado de "tatuzão".

Pela manhã, trabalhadores preencheram a cratera que se abriu na rua Barão da Torre
Pela manhã, trabalhadores preencheram a cratera que se abriu na rua Barão da Torre
Foto: José Lucena / Futura Press

Oscar Castro, que mora há 15 anos no número 137 da rua, disse que ele, a mulher e os dois filhos chegaram a preparar uma mala, caso tivessem que deixar o apartamento. A calçada em frente ao prédio ficou com um buraco e o estrago atingiu o portão de entrada, que afundou. Ele contou que na semana passada já havia uma movimentação diferente dos trabalhadores na obra. "Se isso afundou, tem alguma coisa estranha lá embaixo. Se começa a botar concreto, é muito estranho", contou, referindo-se ao trabalho dos operários da obra. De acordo com ele, os trabalhadores, após a abertura das crateras, começaram a usar concreto para cobrir os buracos.

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O morador Fernando Bittencourt, residente há 20 anos no número 123 da rua, disse que há dez dias foi interrompido o abastecimento de gás da casa dele. Em consequência, aumentaram os gastos com a alimentação em restaurantes. O economista pretende entrar na justiça contra o Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras entre os bairros de Ipanema e da Gávea, para ser ressarcido. "O meu prédio rachou entre um bloco e outro. Junto com a trepidação, romperam três encanamentos de gás. O meu apartamento foi (onde rompeu) um deles", informou.

O gerente de produção do consórcio, Aluísio Coutinho, informou que, após o acidente, a empresa acionou o Plano de Atendimento a Emergências e mobilizou a prefeitura do Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros, a CEG, a Light, a Cedae, a Cet-Rio e o 23º Batalhão da Polícia Militar. Ele acrescentou que o reparo da calçada foi feito com injeção de concreto no solo.

O diretor disse que os técnicos e projetistas do consórcio estão analisando as causas do afundamento. Coutinho garantiu que os danos causados pela obra serão reparados. "Todos os prejuízos que possam ser caracterizados como prejuízos causados pelo Metrô serão ressarcidos. Quanto a isso os moradores podem ficar tranquilos", disse.

Aluísio Coutinho contou ainda que o monitoramento da obra é feito 24 horas por dia, incluindo vistorias nos imóveis próximos às escavações dos túneis e estações. "Esse monitoramento tem sido estável, ou seja, não existe risco para as edificações", destacou, acrescentando que as monitorações estão sendo feitas a cada meia hora. "Tudo indica a estabilidade das edificações", defendeu.

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Ele não soube explicar se o afundamento tem relação com a utilização do "tatuzão". "A gente agora está avaliando toda a instrumentação para tentar entender de onde vem esse processo, para tentar entender se tem ou não relação com o 'tatuzão'", avaliou.

Após a reunião que teve com técnicos e projetistas do Consórcio Linha 4 Sul, no canteiro de obras do Jardim de Alah, na zona sul da cidade, o subsecretário municipal de Defesa Civil, Márcio Motta, disse que uma das explicações possíveis para a causa do acidente é a ocorrência de uma falha geológica na área. De acordo com o subsecretário, está decidido que as obras só serão retomadas após a conclusão de todos os estudos e análises, o que só deve acontecer no meio da semana que vem. "Pode ter sido uma falha geológica, pode ter sido algum carreamento de água. Eles estão avaliando para verificar se vão ter que reajustar ou não o modo das escavações. Estão avaliando tudo isto", adiantou.

Agência Brasil
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