Moradores retiraram nesta segunda-feira, 22, oito corpos de um manguezal no bairro das Palmeiras, no complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ). Pessoas no local levantaram suspeitas de que uma chacina tenha ocorrido durante uma ação da Polícia Militar no final de semana. Testemunhas disseram ter visto sinais de tortura nos corpos encontrados, e que outros ainda estariam na região do manguezal.
A região foi alvo de uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro no último sábado. Tiroteios resultaram a morte de um policial militar. O sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, de 38 anos, do 7º BPM teria sido atacado durante um patrulhamento em Itaúna, próximo às Palmeiras, e morreu após ser levado ao hospital. O confronto se intensificou com a chegada do Bope.
A PM afirmou que confrontos intensos ocorreram na área de mangue, de difícil acesso, e que, em um dado momento, os criminosos estavam no interior da mata fechada. Os policiais teriam sido atacados no manguezal, e houve uma troca de tiros. Munições de fuzil carregadores e uniformes camuflados foram apreendidos.
Ministério público investiga ação
A Defensoria Pública do RJ confirmou ter recebido relatos sobre a "violenta operação no Complexo do Salgueiro". Representantes da Ouvidoria irão até a região para obter maiores informações, informou.
O Ministério Público do Rio de Janeiro foi comunicado, para a "adoção de medidas cabíveis a fim de interromper as violações". O órgão disse que que o caso está sendo analisado pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo.
A PM disse que comunicou a operação ao MP-RJ. Em junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu operações das comunidades do estado durante a pandemia, que somente podem ser realizadas após o MP-RJ ser notificado com antecedência.
Nos últimos meses, diversas ações da polícia no estado resultaram em mortes de civis, como a operação realizada na favela de Jacarezinho em maio, que terminou com 28 mortos, sendo esta a mais letal da história do Rio de Janeiro.
A força-tarefa do MP-RJ que investiga o caso denunciou dois policiais civis por envolvimento em uma das mortes.