Um cachorro sem raça definida foi morto a golpes de faca na Vila Nipônica em Bauru, no interior de São Paulo, no fim da noite desta sexta-feira. Uma comerciante de 39 anos é suspeita de praticar o ato contra o animal. Tudo teria ocorrido depois que o cão cruzou com uma cachorra da raça shar-pei que pertence à família da mulher. O crime, registrado na rua México, chocou os moradores da cidade que organizam um protesto e pedem que a comerciante seja punida.
Um dos vizinhos, que preferiu não se identificar por temer represálias, contou que ouviu uma discussão na rua, por volta de meia-noite, e saiu para ver o que estava acontecendo.
“Eu vi ela sentada na calçada na posição que ela esfaqueou o cachorro. Ela sentou com cachorro no chão e ficou esfaqueando e, logo à frente, vi o cachorro andando cambaleando. Ele andou uns 20 metros e caiu. Foi muito rápido, deve ter perfurado pulmão”, relatou o homem ainda em choque.
Ele conta que várias pessoas presenciaram o crime. “Tudo aconteceu ainda embaixo da luz do poste, pra todo mundo ver com clareza. Foi logo ao lado tem um prédio, então, teve muitas testemunhas”, relatou.
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Um estudante de veterinária que mora próximo foi acionado para tentar socorrer o animal, mas devido à gravidade dos ferimentos não foi possível. A Polícia Militar foi acionada e esteve no local. A mulher foi levada à Central de Polícia Judiciária.
Segundo o boletim de ocorrência, a comerciante fazia um churrasco no quintal de casa e o portão da frente estava aberto. Ao notar que a cachorra havia saído, ela foi atrás do animal e carregava nas mãos uma faca de cozinha que usava no churrasco. Quando viu os animais cruzando tentou separar a cachorra.
“No momento em que o cachorro mordeu sua mão, para se defender usou a faca que tinha na outra mão e acabou dando facadas no cachorro, que fez isto como forma de se defender, sem intenção de matá-lo”, diz o boletim de ocorrência. A mulher informou à polícia que os vizinhos a hostilizaram, por isso pegou a cachorra e entrou na casa até a chegada dos policiais.
A faca utilizada no crime não foi encontrada. A comerciante e as testemunhas prestaram depoimento ao delegado plantonista, Roberto Cabral Medeiros, e foram liberadas.
Por conta do ferimento na mão, a mulher foi levada ao Pronto-Socorro Central, medicada e liberada. A reportagem do Terra não conseguiu contato com a comerciante para comentar o caso. Na loja de materiais para construção de sua propriedade, um funcionário informou que ela não estava em Bauru.
O vizinho conta ainda que a comerciante tem dois cães da raça shar-pei e que mora no bairro há poucos meses. “Todo santo dia ela solta na rua. Há um mês, inclusive, o shar-pei foi atropelado e essa mesma vizinhança que ficou indignada socorreu o cachorro dela e o salvou”
Reações
Protetores de animais e moradores da cidade lamentaram o ocorrido no Facebook. Fotos e um vídeo do animal morto tiveram dezenas de compartilhamentos na rede social, assim como fotos da empresária. Em sua página pessoal ela publicou um link com a imagem de um cão e a frase “Me perdoe”. Horas depois, na manhã deste sábado, a página foi tirada do ar. Inúmeras pessoas criticam a atitude da mulher e pedem que ela seja punida pela Justiça. O cachorro não tinha dono e vivia nas ruas do bairro. O corpo dele foi enterrado em um terreno baldio.
“É muito revoltante o que vem acontecendo com nossos irmãos menores, todo trabalho e dedicação que temos e aparece um ‘ser humano’ que não é digno de assim ser chamado e acaba com uma vida. Até que ponto chegamos? Quando se fará justiça? Quando nossos governantes vão entender que isso realmente é um crime? Se um ‘ser’ desse mata um animal indefeso à facadas o que pode fazer com uma criança? O que fica de conforto é saber que esse bichinho não será mais vítima de nenhuma brutalidade, nem de fome, nem de sede, nem de frio”, desabafou a protetora de animais Borika Hegyessy em sua página no Facebook.
“É lastimável. As nossas leis são muito brandas. Deveria haver uma punição maior para inibir os maus tratos. Considero uma pessoa capaz de matar em um momento de fúria um perigo para a sociedade”, criticou a protetora de animais e presidente da ONG SOS Gatinhos Sandra Ariede.