As duas mortes de crianças por meningite na cidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, na semana passada assustaram a população. Ao todo, 10 pessoas já morreram por conta da doença no Rio Grande do Sul em 2015. Entretanto, as equipes técnicas de saúde da cidade consideram que os quatro casos registrados no município configuraram um surto comunitário. Isso fez com que no final de semana apenas a população do bairro Betânia, onde foram registradas todas as infecções, recebesse a vacinação. Mas uma ação na Justiça cobra que toda a população de Cachoeirinha seja imunizada.
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O alcance da vacinação no Betânia foi de 83% do público, pessoas com idades entre 0 a 19 anos de idade, segundo o secretário de Saúde da cidade, Amir da Costa. De acordo com ele, o incide só não foi maior porque muitas crianças já tinham recebido a dose no calendário de vacinação. Para evitar que pessoas de outras localidades buscassem a imunização, barreiras foram montadas pela polícia.
No entanto, a seccional de Cachoeirinha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) resolveu entrar com um pedido de liminar para garantir a vacinação de toda a população da cidade. A prefeitura conseguiu derrubar temporariamente a decisão judicial e tem até a sexta-feira para apresentar a defesa.
Prefeitos correm em busca da vacina
O problema é que as vacinas são fornecidas pelo Ministério da Saúde para a Secretaria Estadual de Saúde. Só então as doses são distribuídas de acordo com a necessidade. Por isso, a prefeitura diz que não teria como vacinar toda a população. Ao mesmo tempo, os prefeitos de diversas outras cidades da região metropolitana têm buscado o Estado em busca de uma definição sobre a vacinação, uma vez que não é apenas a cidade de Cachoeirinha que registrou infecções.
No entendimento dos técnicos da prefeitura de Cachoeirinha, do Estado do Rio Grande do Sul e do Ministério da Saúde, Cachoeirinha não precisaria vacinar toda a população porque o caso foi considerado um surto comunitário. As duas crianças que morreram estudavam na mesma escola, e todos os casos foram registrados em uma mesma rua.
“A prefeitura é o agente que realiza a vacinação junto à comunidade, mas a decisão de vacinar parte do Centro Epidemiológico do Estado e do Ministério da Saúde... não foi considerada uma epidemia... tivemos quatro casos, com o controle feito com antibióticos, provamos que ocorreram em uma mesma região, em um mesmo bairro afastado do centro da cidade, dois da mesma escola, e os quatro da mesma rua, sendo que no ano passado não tivemos nenhum caso”, explicou o secretaria municipal de Saúde de Cachoeirinha, Amir da Costa.
Na tarde desta segunda-feira, os prefeitos de cidades da região metropolitana de Porto Alegre terão um encontro com a Secretaria Estadual de Saúde para definir como será tratado o enfrentamento à doença. Ainda nesta semana, o prefeito de Cachoeirinha, Vicente Pires, deve ir a Brasília com a ajuda da bancada gaúcha na Câmara de Deputados, onde vão indagar o Ministério da Saúde sobre quais ações devem ser tomadas, uma vez que é o órgão ministerial o responsável pela definição das ações.
Por conta disso, a prefeitura de Cachoeirinha aguarda uma posição do Estado do Rio Grande do Sul e da União para definir como procederá em relação à ação judicial que prevê a vacinação de toda a população.
Procurada pelo Terra, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul informou que não foi notificada oficialmente da decisão judicial.
10 mortes por Meningite no RS
De acordo com boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, as estimativas apontam que em 2015 os casos devem ultrapassar os números registrados em anos anteriores. No mesmo período de 2014 ocorreram 35 casos confirmados e três mortes. Neste ano foram 48 confirmações e 10 mortes.
O Terra entrou em contato com o Ministério da Saúde no final da manhã desta segunda-feira, mas até a publicação da matéria não obtivemos resposta.