Um motorista de ônibus da cidade de Pinhais, na região Metropolitana de Curitiba (PR), perdeu o emprego após ser filmado fazendo comentários sexistas sobre as mulheres ucranianas durante o expediente.
A cena foi flagrada por uma passageira do coletivo, que preferiu não se identificar. Ela filmou a conversa ao ter se assustado com o conteúdo.
No vídeo, é possível ver o condutor - que também não teve a identidade divulgada - falando que, mesmo com um salário baixo, consegue "buscar" umas mulheres na Ucrânia, país que está em guerra e cujos moradores enfrentam dificuldades para fugir do conflito.
"As 'polaquinhas' eu vou buscar", diz em conversa com outro homem. "Se cada um me ajudar com um pouquinho de dinheiro eu trago mais ou menos umas 400 [mulheres]".
O homem que conversa com o motorista faz outros comentários sexistas e xenofóbicos: "Quando as haitianas vieram para cá ele não quis, né? As ucranianas ele quer ir buscar".
Nas imagens, o motorista ainda aparece fazendo gestos obscenos para uma pessoa que está fora do ônibus, provavelmente em um ponto aguardando transporte.
A passageira que filmou a conversa disse, em entrevista à Record TV, que ficou revoltada com o que ouviu. "Eles se sentiram totalmente seguros para falar. Isso me deixou assustada", relatou.
A empresa que administra o coletivo onde os fatos ocorreram, Expresso Azul, confirmou em nota que o motorista foi desligado.
"Em relação ao vídeo gravado por uma passageira da linha Pinhais/Rui Barbosa operada por esta empresa, contendo declarações de cunho sexista proferidas pelo motorista do ônibus que fazia o trajeto, a Expresso Azul vem a público para expressar seu total repúdio ao episódio, reafirmar que abomina comportamentos ou manifestações de preconceito, seja de caráter racial, religioso, de gênero ou qualquer outro, por parte de seus colaboradores, e informar que o funcionário que emitiu o deplorável comentário foi imediatamente desligado de nossos quadros, conforme determinam as normas de compliance estabelecidas pela Expresso Azul".
Arthur do Val
O caso lembra o do deputado estadual Arthur do Val (sem partido-SP). O parlamentar, também conhecido como 'Mamãe Falei', viajou à fronteira da Ucrânia sob a justificativa de acompanhar o conflito do país com a Rússia. Na última sexta-feira, 4, vazaram áudios do parlamentar classificando as mulheres ucranianas como "fáceis por serem pobres" e comparou a fila de refugiadas à entrada de uma balada.
Após a divulgação dos áudios, o deputado tornou-se alvo de um processo disciplinar no Podemos que poderia levar à sua expulsão da legenda — em seguida, ele próprio solicitou sua desfiliação. Também perdeu espaço no palanque do pré-candidato à Presidência Sergio Moro, do mesmo partido, que repudiou suas falas e se negou a apoiá-lo nas eleições. Além disso, 40 deputados pedem sua cassação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O parlamentar, por sua vez, pediu desculpas, se afastou do MBL e retirou sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.
Em carta divulgada na terça-feira, o deputado pediu novamente desculpas pelo ocorrido, afirmou ter sido "machista, desrespeitoso e imaturo" e disse que aceita sofrer punição, embora discorde que mereça ter o mandato cassado por quebra de decoro.
* Com informações do Estadão Conteúdo