O Ministério Público de São Paulo (MPSP) emitiu nesta terça-feria, 31, parecer contrário à prisão preventiva da estudante Alicia Dudy Muller Veiga, acusada de desviar quase R$ 1 milhão da formatura do curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP). O pedido havia sido feito pela Polícia Civil de São Paulo e enviado ao MPSP.
Alicia foi indiciada por "nove apropriações em concurso material", por policiais do 16º Distrito Policial (Vila Clementino), que realizaram as diligências. Em nota, o MPSP disse considerar que o crime cometido por Alicia trata-se de estelionato, e não apropriação indébita, como vinha sendo tratado. Por essa diferenciação, seria necessário que os estudantes vítimas do golpe prestassem queixas individualmente contra Alicia.
"No estelionato a lei exige representação criminal dos ofendidos para oferecimento de denúncia contra a autora dos fatos", diz trecho da nota.
Entenda o caso
No começo deste ano, os formandos da 106ª turma de Medicina da USP foram informados por Alicia que todo montante arrecadado para a festa ao longo dos últimos quatro anos havia sido perdido. Ela chegou a negar os crimes, alegando ter sido vítima de um golpe de uma corretora, mas logo confessou à polícia o que de fato tinha acontecido.
Autoridades apuraram que Alicia realizou ao menos nove saques da comissão de formatura, da qual integrava. Os saques foram iniciados em novembro de 2021.
No inquérito, ela é responsabilizada pelo valor desviado, pois usou a quantia toda em benefício próprio. A polícia aponta que a estudante mantinha uma vida de luxo, com carros e flats alugados, celulares e apostas.
Durante as investigações, a polícia apreendeu um carro alugado por ela, durante dez meses, no valor de R$ 2 mil por mês. Além disso, também foram apreendidos três cartões de crédito, um HD, um tablet avaliado em R$ 6 mil, dois celulares e um notebook. O iPhone era alugado por R$ 3 mil por ano.