MPL nega ser o responsável pela queda da tarifa: "foi o povo"

20 jun 2013 - 02h35
(atualizado às 03h16)

O Movimento Passe Livre (MPL), que tem organizado os atos de protesto na cidade de São Paulo contra o aumento da tarifa no transporte público, afirmou na madrugada desta quinta-feira, por meio de nota, que a “cidade não esquecerá o que viveu nas últimas semanas” e que a “intransigência dos governantes teve de ceder às ruas tomadas, às barricadas e à revolta da população”.

Na tarde dessa quarta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), anunciaram a redução dos preços das tarifas de ônibus, metrô e trens metropolitanos. As tarifas, que haviam sido reajustadas no último dia 2 de junho, de R$ 3 para R$ 3,20, voltam para os valores anteriores na próxima segunda-feira. O preço da integração também retorna para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5,00.

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O MPL nega ter sido o responsável pela queda no valor da tarifa, nem nenhuma organização, e sim “o povo”, que “constrói e faz a cidade funcionar a cada dia”. “A derrubada do aumento é um passo importante para a retomada e a transformação dessa cidade pelos de baixo”, diz a nota.

Segundo o MPL, o movimento continua rumo a um transporte público sem tarifa, onde as decisões seriam tomadas pelos usuários, e não por políticos e empresários. “Se antes eles diziam que baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se agora eles dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que eles estão errados”, afirma o comunicado.

O protesto que já havia sido marcado para esta quinta-feira em São Paulo foi mantido – agora, no entanto, o objetivo é comemorar a vitória popular. “Sairemos às ruas em solidariedade às lutas das demais cidades do País e em apoio a todos os companheiros presos, detidos e processados durante os atos contra o aumento, contra a criminalização do movimento”, completou o MPL.

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), também anunciou nessa quarta-feira a revogação do reajuste da tarifa do ônibus na cidade. Assim, a passagem, que havia sido elevada a R$ 2,95 no início de junho, retornou ao patamar de R$ 2,75.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

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O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Fonte: Terra
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