Uma mulher de 52 anos, identificada pelas iniciais M.S.S. e que trabalhava como doméstica, foi resgatada no fim de março após ser submetida a condições análogas à de escravo por 40 anos. O resgate aconteceu em Vitória da Conquista, na Bahia, e a vítima foi encaminhada para a casa de familiares.
O caso chegou ao conhecimento de autoridades depois de uma denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no ano passado. "Esse é um daqueles casos clássicos de empregada doméstica levada ainda criança para a casa do empregador e que nunca recebia salário sob o argumento de que seria da família. Essa é uma realidade que infelizmente vemos se repetir, mas que os órgãos de fiscalização estão buscando combater", disse a procuradora Manuella Gedeon, coordenadora de combate ao trabalho escravo do Ministério Público do Trabalho da Bahia.
A patroa fez um acordo e se comprometeu a pagar as verbas rescisórias e a indenização por dano moral no total de R$ 150 mil, em 50 parcelas mensais. A indenização também cobre uma apropriação indébita, pela patroa, de um benefício obtido por M.S.S. após ser diagnosticada com um tumor cerebral.
Segundo o MPT, a patroa convenceu a vítima a usar o dinheiro na compra de um terreno em Vitória da Conquista, mas o imóvel não estaria registrado em nome dela, e sim da própria empregadora. A patroa também se comprometeu a transferir o imóvel para o nome de M.S.S.
A vítima contou que começou a trabalhar para a patroa quando tinha apenas 12 anos e seu pai concordou em deixá-la seguir com a empregadora para Itabuna (BA). No início, ela ainda tinha contato com o pai, mas com a mudança da patroa para Vitória da Conquista, o contato com a família foi perdido.