Oito pessoas foram assassinadas nos municípios de Camaragibe e Paudalho, no Estado de Pernambuco, entre quinta, 14, e sexta-feira, 15. Dentre as vítimas estavam dois policiais militares e Ágata Ayanne, que transmitiu ao vivo o próprio assassinato. Antes de morrer, ela fez comentários em uma rede social afirmando que a mãe teve a casa invadida e foi sequestrada após a morte dos dois PMs. O irmão de Ágata é o suspeito por atirar nos agentes, de acordo com a própria polícia. Ele também foi morto, assim como outras cinco pessoas da família dele.
As primeiras mortes registradas foram a de dois policiais militares em Camaragibe, na Grande Recife, durante uma abordagem policial. No dia seguinte, a governadora Raquel Lyra se pronunciou e deu detalhes sobre o ocorrido. "Infelizmente, oito vidas foram ceifadas. A polícia está investigando cada uma delas como são: crimes bárbaros que aconteceram no nosso Estado", disse ela.
Segundo a governadora, o cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos, e o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33, atendiam uma ocorrência de disparos de arma de fogo em Tabatinga, na cidade de Camaragibe, quando foram alvejados na cabeça. Na ocasião, uma mulher grávida e um adolescente ficaram feridos. O suspeito de atirar contra os PMs é Alex da Silva Barbosa, de 33 anos.
Na mesma noite, foram assassinados três irmãos de Alex: Amerson Juliano da Silva, de 25 anos; Ágata Ayanne da Silva, de 30 anos; e Apuynã Lucas da Silva, de 25. Ágata transmitiu ao vivo o momento em que ela e os irmãos foram alvejados com tiros disparados por dois homens encapuzados e armados.
No vídeo que circula nas redes sociais, um dos homens aparece mandando que um dos jovens levantasse as mãos e ficasse parado. "Tem câmera aqui, viu? Vocês chamaram para atirar em mim, foi?", questionou o jovem. O homem encapuzado então responde: "Cala a boca". Um dos irmãos ainda diz antes de ser atingido: "Por favor, eu não tive nada a ver com isso". Agata, que fazia a transmissão, é baleada e cai no chão. Em seguida, os atiradores dizem: "Zerou, zerou! Foi muito já".
Os corpos de Maria José Pereira da Silva, mãe de Alex, e de Maria Nathalia Campelo do Nascimento, esposa dele, foram encontrados num canavial no município de Paudalho (PE) na manhã de sexta-feira.
"O atirador também foi localizado pela polícia. Ele efetuou disparos em três policiais militares, que passam bem, mas ele foi morto em confronto. A polícia já investiga as circunstâncias em que cada uma dessas mortes se deu. O grupo de operações especiais da Polícia Civil foi destacado para poder conduzir essas investigações. E nós, do Governo de Pernambuco, estamos atentos e tomando todas as providências necessárias", disse Raquel em pronunciamento.
Ágata afirmou que mãe foi sequestrada
Após os disparos contra os PMs, uma página de notícias local fez uma postagem sobre o ocorrido e Ágata deixou comentários na publicação. Ela chegou a pedir o número de algum repórter e disse que precisava do contato "urgente", porque, segundo ela, a mãe havia sido sequestrada por conta da ocorrência em Tabatinga e não tinha nada a ver com o ocorrido.
"Três carros com mais de 10 caras invadiram a casa da minha mãe e levaram ela. Tomaram a celular da minha mãe, do meu pai, da minha irmã. Atiraram no pneu da moto do meu pai. Eu quero uma resposta. Ninguém me dá resposta de nada. Nesse mundo a gente já não sabe quem é quem", escreveu ela nos comentários.
Em seguida, ela acrescentou: "Minha mãe tem problema de pressão alta. Minha mãe não tem nada a ver com o que aconteceu. Eu estou desesperada. Já andei nas delegacias e não consigo resposta".
Em nota enviada ao Terra, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que as investigações relativas às mortes estão em curso sob o comando do Grupo de Operações Especiais (GOE), na pessoa do delegado Ivaldo Pereira que, ao final, irá se pronunciar.
MP instaurou procedimentos investigatórios
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através do Grupo de Atuação Conjunta Especial (GACE), em conjunto com a 1ª Promotoria Criminal de Camaragibe e o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), instaurou dois Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs) para elucidar a dinâmica dos fatos sobre os oito homicídios, entre eles dos dois policiais militares.
Na manhã de sexta-feira, 15, os membros do MPPE se inteiraram dos fatos e fizeram os encaminhamentos e requisitórios urgentes. À tarde, os integrantes do Gace e Gaeco se reuniram para a instauração dos PICs, em que o MPPE requisita à Chefia da Polícia Civil, ao Comando da Polícia Militar, ao Instituto de Criminalística, ao Instituto de Medicina Legal e à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco laudos periciais e outras documentações referentes às investigações.