A socialite Regina Gonçalves, de 88 anos, afirma que foi mantida em cárcere privado por 10 anos pelo seu ex-motorista particular, José Marcos Chaves Ribeiro, de 53 anos, no prestigiado Edifício Chopin, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
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Segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo, Regina é viúva e não tem filhos. Ela herdou a fortuna bilionária quando o marido, Nestor Gonçalves, que era fazendeiro e empresário, morreu há 30 anos. Ele também foi dono do parque gráfico que produzia os baralhos Copag, populares no País.
Regina era famosa por promover festas luxuosas, mas nos últimos dez anos deixou de ser vista nas áreas comuns do prédio, levantando preocupações entre vizinhos e amigos.
Uma denúncia anônima sobre seu desaparecimento foi feita ao Ministério Público do Rio em maio de 2022. Na ocasião, conhecidos relataram tentativas frustradas de contato com ela e que seus telefones estavam sob o controle de José Marcos, sempre pronto a responder, seja por telefone ou pessoalmente, com evasivas e desculpas alegando que Regina estava doente.
A socialite afirma que José Marcos a mantinha isolada. "Ele pegava celular.... Eu vivia assim... Sem poder ter contato com ninguém. E tudo do jeito que ele pensava e depois saía, eu ficava. Eu ficava em cativeiro", afirmou ao programa da TV Globo.
Regina alega que contratou José Marcos como motorista em 2010, enquanto ele afirma à Justiça que a relação deles não era apenas profissional. "Ele era apenas um chofer e um chofer sem condições", disse ela.
O Fantástico obteve acesso a documentos que integram uma disputa judicial pela tutela de Regina e de seu patrimônio. José Marcos afirma ter mantido um relacionamento amoroso com ela, alegando ser seu esposo, o que ela refuta.
Uma escritura de união estável, datada de 2021, foi registrada quando Marcos tinha 50 anos e Regina, 85. No documento, atesta-se que ambos estavam mentalmente aptos, especialmente Regina, sendo apresentado dois pareceres psiquiátricos sobre a saúde dela.
Em dezembro de 2023, José Marcos apresentou à Justiça um terceiro laudo de outro psiquiatra, que contradizia os anteriores. Alegava que Regina sofria de demência avançada com grave déficit cognitivo, tornando-a incapaz para atos civis.
Ao tomar conhecimento disso, Regina ficou furiosa. Após quase 14 anos ao lado de José Marcos no apartamento, Regina conseguiu sair sozinha em 2 de janeiro deste ano, indo para a casa de seu único irmão ainda vivo, que também reside em Copacabana.
"Eu resolvi fugir. Resolvi pôr um final nisso. O dia que eu fui procurar a casa do meu irmão, falei, cheguei, eles assustaram. Eu havia emagrecido mais de 30 quilos. Tava osso puro", afirmou ela.
A família, chocada com o estado de saúde dela, solicitou uma ordem de proteção para Regina. A medida foi concedida pela Justiça no dia seguinte, ordenando que José Marcos se mantivesse a pelo menos 250 metros de distância dela.
Em 6 de janeiro, policiais foram até o apartamento. Entretanto, os porteiros relataram que José Marcos saiu assim que avistou a viatura. Dias depois, José Marcos alegou à Justiça que Regina saiu de casa devido a um surto decorrente de seu estado de fragilidade e confusão mental.
Apesar da ordem de proteção, ele obteve na Justiça o direito de ser o curador dela, recebendo autoridade para administrar todo o patrimônio da socialite, conforme previsto na união estável.
O ex-motorista não retornou os contatos do Fantástico e seu advogado afirmou que não iria se pronunciar sobre o caso.