OAB-RJ critica condução da investigação sobre morte de congolês

Segundo os advogados, a defesa e a família ainda não assistiram à íntegra das imagens captadas pelas câmeras de segurança do quiosque onde ocorreu o crime

14 fev 2022 - 22h36

RIO - Os advogados que representam a família do congolês Moïse Kabagambe, assassinado no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), em 24 de janeiro, criticaram nesta segunda-feira, 14, a condução do inquérito sobre o crime pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. O congolês é representado pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ).

Segundo os advogados da OAB-RJ, até agora, a defesa e a família não conseguiram ver a íntegra das imagens captadas pelas câmeras de segurança do quiosque onde ocorreu o homicídio. O temor exposto pela defesa do congolês é de que o indiciamento pela Delegacia de Homicídios da capital e a consequente denúncia do Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) não respondam questões-chave que ainda pairam sobre o caso, especialmente sobre a participação de outros personagens, suscitada por imagens vazadas para a imprensa. No início deste mês, a Justiça do Estado do Rio decretou a prisão temporária, depois convertida em preventiva, de três homens ligados ao quiosque por envolvimento no espancamento que provocou a morte do congolês.

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Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB-RJ, Álvaro Quintão, um inquérito com conclusão superficial manteria a família em risco permanente e inviabilizaria a aceitação da oferta da Prefeitura do Rio de Janeiro de gerir o quiosque onde o crime foi cometido. Quintão afirmou que os responsáveis pelo inquérito vêm fazendo um vazamento seletivo das imagens.

Segundo parentes, Moise Kabagambe morreu depois de ser agredido por cinco homens após cobrar uma dívida de trabalho em quiosque da Barra da Tijuca. 
Segundo parentes, Moise Kabagambe morreu depois de ser agredido por cinco homens após cobrar uma dívida de trabalho em quiosque da Barra da Tijuca.
Foto: Facebook/Reprodução / Estadão

Consultada sobre as críticas, a secretaria estadual de Polícia Civil não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.

Reunião. Nesta segunda-feira, a OAB-RJ intermediou uma reunião de parentes do congolês e lideranças da comunidade congolesa no Rio com senadores, deputados federais e estaduais, vereadores e uma representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Para o presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira, o que aconteceu a Kabagambe é também expressão do extermínio da juventude negra, uma chaga do Rio de Janeiro. "A Ordem está atuando desde o primeiro momento no auxílio jurídico à família, o que é uma tradição da entidade. Este caso é emblemático, pois o drama pessoal desta família expõe o racismo estrutural da sociedade brasileira e a precariedade da vida dos imigrantes congoleses no Rio, sem condições de acesso a emprego, educação e moradia", afirmou Bandeira.

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