Operação mira rede de 78 hotéis e hospedarias do PCC no centro de São Paulo

Investigação conseguiu a interdição de 26 hospedarias clandestinas e cumpre 124 mandados de buscas; 600 policiais civis e guardas metropolitanos participam da ação

13 jun 2024 - 07h30
(atualizado às 10h35)
Foto: Divulgação: Polícia Civil

O Primeiro Comando da Capital (PCC) comprou ou montou 78 hotéis e hospedarias, 26 das quais clandestinas, no centro de São Paulo, para abastecer e manter o tráfico de drogas na região. Assim, a facção expandiu as ramificações da Cracolândia até as proximidades das praças Marechal Deodoro, Princesa Isabel e dos Largos do Arouche e do Paissandu, passando por endereços das Avenidas São João e Duque de Caxias.

Outras três pessoas são investigadas como responsáveis por gerir hospedarias para a rede do PCC: José Onofre de Jesus, Sirley Aparecido dos Santos e Sheila Regina Costa. A investigação também determinou o caminho da droga até a Cracolândia. Ela viria da favela de Paraisópolis, área controlada pelo PCC. É transportada em veículos até a rede de hotéis e hospedarias da facção, que serviriam de entreposto para a distribuição das drogas, além de esconderijo para bandidos procurados pelos policiais, que são abrigados ali sem que seus nomes sejam incluídos na lista de hóspedes.

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Movimentação de dinheiro da Cracolândia

Foi por meio da avaliação da movimentação financeira dos acusados que a polícia chegou à área da reciclagem de sucata e ferro-velho, outro dos negócios controlados pelo PCC na região. Também foi por meio dessa avaliação que os policiais conseguiram determinar a hierarquia da organização na região, no topo da qual estaria Sheila Regina Costa. Ela teria uma posição que a colocaria acima de Carames na facção, servindo de ligação do esquema do centro da cidade com a cúpula da organização.

Foto: Divulgação: Policia Civil

As contas bancárias ligadas a Carames registravam R$ 430 mil de entradas e R$ 400 mil de saídas entre setembro de 2022 e março de 2023, de acordo com análise feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Carames teria como renda mensal declarada R$ 5 mil. Suas contas e as de seu grupo foram classificadas como contas de passagem dos valores do tráfico em benefício de Sheila, que também seria proprietária de dois hotéis e de uma hospedaria na região: o Hotel Manchete, na Avenida São João, o hotel Aurora, na Rua Aurora e uma hospedaria clandestina na Avenida Rio Branco.

De acordo com a polícia, os investigados são todas pessoas atuantes na rede hoteleira da região e têm histórico de envolvimento com o tráfico de drogas ou que fizeram negociações com envolvidos no tráfico. A investigação atingiu ainda supostos integrantes da rede que registraram movimentação financeira acima de seus rendimentos lícitos.

Nesse caso estaria Andressa dos Santos Borges, que recebia auxílio emergencial de R$ 2,8 mil, mas aparece como dona de uma empresa de reciclagem, sucata e ferro-velho uma das cinco desse ramo sob investigação. Por meio dela, os policiais chegaram a outra peça importante desse enredo: Daniela Regina Romano, que tem pelo menos três acusações formais de crime de tráfico de drogas.

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Inquérito aponta Sheila como a ligação entre a organização na Cracolândia e a cúpula da facção na capital. Aqui, gráfico da polícia mostrando sua posição hierárquica no grupo
Foto: Reprodução / Estadão / Estadão

O Estadão procurou a defesa dos acusados, mas não conseguiu localizá-la, assim como dos hotéis citados e das empresas de reciclagem. Nas oportunidades em que foram ouvidos em outros casos pela polícia e pela Justiça, os acusados sempre alegaram inocência ou permaneceram em silêncio.

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