Operários martelaram colunas pouco antes de prédio desabar

Cinco pessoas aparecem envolvidas na ação em vídeo do circuito de câmeras de segurança do Edifício Andréa

18 out 2019 - 19h59
(atualizado às 20h16)

Vídeo do circuito de câmeras de segurança do Edifício Andréa, em Fortaleza, mostra operários usando marretas para quebrar colunas próximas à entrada do prédio às 10h08min, cerca de 20 minutos antes do desabamento. Cinco pessoas aparecem na gravação, entra elas o engenheiro José Andreson Gonzaga dos Santos e a síndica Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos, uma das desaparecidas. Santos e outros operários escaparam com vida.

Bombeiros procuram vítimas de desabamento de prédio residencial em Fortaleza
15/10/2019
REUTERS/Diário do Nordeste/José Leomar
Bombeiros procuram vítimas de desabamento de prédio residencial em Fortaleza 15/10/2019 REUTERS/Diário do Nordeste/José Leomar
Foto: Reuters

As imagens mostram pedaços de concreto se soltando dois minutos antes da tragédia, que aconteceu na manhã terça-feira, 15, e deixou, até o momento, sete mortos e dois desaparecidos. O prédio de sete andares, localizado no Dionísio Torres, bairro nobre da capital cearense, ruiu exatamente às 10h29min e cinco segundos.

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Um dia antes de desabar, o Edifício Andréa entrou em reforma, conforme Anotação de Responsabilidade Técnica emitida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (CREA-CE). Orçada em R$ 22 mil, a obra previa recuperação de pilares e vigas e pintura do prédio.

A reforma era realizada pela Alpha Engenharia, empresa ligada a Santos. Em depoimento à Polícia Civil, divulgado pelo Sistema Verdes Mares, o proprietário afirmou que obras começaram apenas no dia 15, data do acidente. Questionada pelo Estado, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) do Ceará afirmou que não divulgaria informações sobre a investigação.

O prefeito Roberto Cláudio e o vice prefeito Moroni Torgan vistoriam área onde um prédio residencial desabou
Foto: LC Moreira / Futura Press

Moradores relatam que prédio apresentava situação precária há anos. Em entrevista ao Estado, o motorista de aplicativo Leandro Carvalho, filho de Cleide Maria da Cruz, uma das vítimas da tragédia, relatou que frequentava o prédio e percebia as falhas estruturais há pelo menos 14 anos. Janelas tortas e portas que deixavam de fechar devido ao desnível no chão eram alguns indícios do colapso da estrutura, segundo ele.

O Estado tentou contato com a Alpha Engenharia, mas as ligações não foram atendidas. O CREA-CE informou ter feito uma notificação extra-judicial para que a empresa participasse de uma comissão técnica para apurar o acontecido, mas que também não obteve retorno.

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