O padre Egídio de Carvalho Neto, de 56 anos, se entregou à Polícia Civil nesta sexta-feira, 17. Ele é suspeito de desviar recursos de entidades filantrópicas. Segundo as investigações, o clérigo comprou 29 imóveis de alto padrão em três Estados com dinheiro de um instituto e de um hospital, segundo as investigações.
O pároco era diretor-presidente do hospital e foi afastado do cargo em agosto deste ano. Em uma nota divulgada pelo UOL, a promotoria afirmou que “as investigações revelaram um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões. Esses desvios [...] ocorreram entre 2013 e setembro deste ano. As operações ilícitas afetaram gravemente o Hospital Padre Zé, comprometendo o atendimento a populações carentes e necessitadas”.
Ainda de acordo com as investigações, o clérigo recebia um salário de cerca de R$ 15 mil pela gestão do hospital. Contudo, entre janeiro de 2021 e setembro de 2023, passaram pela conta dele uma quantia de R$ 4,5 milhões, ao todo, uma média de R$ 140,9 mil por mês.
“Foram 29 imóveis ao total -- até o momento -- nos Estados da Paraíba, Pernambuco e São Paulo, todos de elevadíssimo padrão de construção e perdulário, orquestração de pisos, iluminação e decoração”, cita a ordem de prisão.
Há também registros de compra de dois carros de luxo e inúmeros vinhos, “que superam a média de R$ 1 mil por garrafa”. Ainda segundo depoimentos colhidos pela administração, os documentos já vinham “montados e prontos, havendo constante pressão para que os servidores assinassem e carimbassem sem a análise do objetivo”.
Prisão
Uma ordem de prisão foi expedida nesta sexta-feira pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida, que atendeu ao pedido do Ministério Público da Paraíba, informando que o padre enriqueceu de forma ilícita às custas dos cofres públicos.
Também foram expedidos mandados contra Jannyne Dantas, tesoureira do Instituto São José e do Hospital Padre Zé, e Amanda Duarte, que atuava na contabilidade. Os três são suspeitos de organização criminosa, lavagem ou ocultação de bens, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.
O Terra entrou em contato com a Polícia Civil da Paraíba para saber se as duas mulheres foram presas, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.