"A primeira viagem de navio a gente nunca esquece, ainda mais no meio de uma pandemia", diz o representante comercial paulistano Orlando Gennari Junior à reportagem do Estadão, que acompanhou o desembarque dos passageiros do navio Costa Diadema, em Santos, nesta segunda-feira, 3. Debutante em viagens marítimas, Orlando passou mal durante a viagem e foi atendido pelos médicos do navio. Ele foi testado junto com a família por pelo menos três vezes durante o cruzeiro e teve uma surpresa negativa no teste de saída. Seus dois filhos testaram positivo para Covid e ficaram em quarentena dentro da embarcação. A empresa fica responsável em levar os jovens para casa ao fim do período de isolamento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) paralisou a operação do navio Costa Diadema na última quinta-feira, dia 30. A agência determinou, então, que a embarcação seguisse para seu destino final, a cidade de Santos, e que todos os passageiros fossem desembarcados segundo o protocolo sanitário previsto. O navio, com capacidade para mais de 2,3 mil passageiros, está no nível 4 do cenário epidemiológico determinado pela agência: há transmissão comunitária de covid entre viajantes.
Frustração com a viagem
A socióloga Katia Prado ingressou com os dois filhos e o marido para oito dias no primeiro cruzeiro marítimo das crianças, com todos vacinados menos a filha Sofia de 8 anos. Katia disse que se sentiu segura durante toda a viagem e elogiou os protocolos sanitários da Costa Cruzeiros. Ela conta que sentiu certa frustração com as limitações dentro do navio, mas disse que pretende realizar novas viagens no futuro.
Rosine Firmino, consultora de turismo, estava embarcada no navio Costa Fascinosa e também aprovou os protocolos sanitários da empresa. Disse que estava satisfeita com a viagem até ali e lembra que a pandemia é uma realidade, mas que com os protocolos corretos e o bom senso dos viajantes é possível viver a vida e curtir a viagem de forma "quase" normal.
A paulistana Andrea Tenuta Novaes falou sobre a entrada da Anvisa em Salvador, encerrando as atividades de entretenimento como shows, lojas e o cassino e que só aproveitou a viagem por três dias, pois havia embarcado no dia 27 de dezembro, mas disse ter consciência de que estava embarcando em uma viagem de navio durante uma pandemia, e que por isso era uma situação possível de ocorrer dentro desse contexto.
Alana Knakiewicz é do Paraná e estava embarcada no navio para curtir as férias com a amiga. Ela testou positivo para o coronavírus e teve de ser isolada na cabine da embarcação. Antes de entrar, fez teste de covid, que era um requisito para embarcar, mas acredita que pode ter se contaminado dentro do navio. "Estou muito bem", afirma a personal trainer.
Ela conta que havia cobrança aos passageiros para seguir as medidas de proteção, como uso de máscara e álcool em gel e que, nos últimos dias, ficou ainda mais restritivo.Segundo ela, o clima a bordo era de incerteza e medo. "Todo mundo estava com medo e estressado. Eu mesma fiquei na cabine para não me estressar e ficar mais frustrada, porque é uma situação difícil", diz a jovem, que realizou a primeira viagem de cruzeiro. "Mas eles amenizaram a situação e deixaram a gente tranquilo. Ofereceram o reembolso de 100%."
Durante o desembarque nesta segunda, houve confusão com as pessoas que estavam infectadas e que queriam sair do navio, segundo a passageira. Quem teve o diagnóstico positivo para a infecção saiu por último. Ela vai voltar para casa ainda hoje. A jovem quer realizar o desejo de fazer uma nova viagem de maneira completa. "Eu quero muito fazer um novo cruzeiro, mas agora não é o momento."
Viagem de Natal
A turismóloga Claudia Parra também embarcou no Costa Diadema em um pacote de Natal, do dia 20 até 27 de dezembro. O cruzeiro teve casos de covid, mas ela afirma que a viagem transcorreu de maneira normal. No dia 29, quando já estava em casa, ela decidiu fazer um teste de covid e teve o resultado positivo para a doença.
Parra viajou com a filha e o marido, que não foi contaminado pelo vírus. Ela diz que os casos identificados foram isolados dos demais passageiros. "Minha viagem foi muito tranquila, não tenho o que falar. A Costa tomou todas as medidas possíveis no tempo certo, isolando quem estava infectado", afirma. "Se um funcionário visse você sem máscara, já pedia para colocar. Mas, claro, havia muita gente sem o equipamento de proteção." "No geral, pudemos aproveitar os dias da viagem de cruzeiro", conclui. /COLABOROU IGOR SOARES