Performances de drag queens. Discursos de estrelas da televisão. Apresentações musicais em trios elétricos. Bandeiras, faixas, fantasias, maquiagens e balões coloridos. E cerca de 1 milhão de pessoas acompanhando tudo. Por esse caráter demasiadamente “festivo” que ganhou com o passar dos anos, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo – que terá mais uma edição realizada no próximo domingo (7) – costuma receber críticas de espectadores e até participantes. O que, para Fernando Quaresma de Azevedo, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), não é problema nenhum.
“A Parada é realmente uma festa. É um dia de comemoração contra 364 dias de opressão da LGBTfobia com que nós sofremos todos os dias. Mas é um momento de comemoração e reivindicação ao mesmo tempo. A associação cumpre o papel de colocar o evento na avenida Paulista e dar visibilidade ao movimento; cabe aos LGBTs irem ao local para ‘externalizar’ suas críticas com o governo ou quaisquer outros órgãos”, disse em entrevista ao Terra.
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Neste ano, em que a Parada chega à sua 19ª edição, ela contará com a presença de 18 trios elétricos. Um dos mais comentados até o momento é o patrocinado pela Netflix, que levará a funkeira Valeska Popozuda e três atrizes do popular seriado norte-americano Orange is the New Black: Samira Wiley (Poussey), Natasha Lyonne (Nicky Nichols) e Uzo Aduba (Crazy Eyes). As cantoras Wanessa Camargo e Alinne Rosa também já foram confirmadas em outros trios.
O tema apresentado em 2015 é “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: respeitem-me!”. Embora não faça referência (pelo menos direta) a um assunto político, o presidente explicou que a intenção é reforçar a autoestima de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros frente a um grande vanço conservador observado recentemente na sociedade brasileira.
“Em todos os anos temos organizado vários temas ligados à questão politica. Nesse ano, optamos por mudar e fazer um trabalho com a auto-afirmação e a auto-aceitação da comunidade LGBT diante de tantas politicas contrárias a nossos interesses que existem por aí, como a ‘cura gay’, por exemplo. A ideia é fortalecer a autoestima da nossa comunidade”, contou.
A concentração para o evento está marcada para as 10h em frente ao Masp. A estrutura contará com 600 banheiros químicos por toda a região percorrida e 4 postos médicos, que totalizam 170 leitos. A CET ficará responsável pelas interdições das vias no entorno. Os que não puderem participar poderão acompanhar tudo ao vivo, em tempo real, através de um link disponibilizado na internet.
Verba foi reduzida pela Prefeitura
Na edição deste ano da Parada LGBT, a verba destinada pela Prefeitura sofreu um significativo corte: dos R$ 2 milhões anteriormente previstos, passou para R$ 1,3 milhão – R$ 500 mil a menos que a da edição do ano passado. Com a redução, a administração de Fernando Haddad (PT) não aplicará recursos na área vip (espaço fechado na avenida com recepção a convidados especiais) e nem na Feira Cultural LGBT (evento realizado anualmente na semana que antecede a Parada). Esta última acontece na quinta-feira (4), durante todo o dia, no Vale do Anhangabaú, Centro.
”A verba da Prefeitura cobre despesas como o gradeamento e os tapumes. O governo estadual vai ajudar com parte dos custos da feira. E o resto, cerca de R$ 410 mil, vem de patrocínio de empresas privadas. Esse dinheiro é para garantir seguranças, coordenadores de trios, técnicos do som. Também é usado na realização de outros eventos do nosso calendário, como ciclos de debates e leituras, e para pagar nossas contas de aluguel, água e luz, já que a associação não tem sede própria. É apertado. Tem ano que não nos sobra nada”, concluiu Quaresma.