Paris: brasileiros protestam e discutem por divergências políticas

22 jun 2013 - 17h47
(atualizado às 17h55)
<p>Mulher segura a bandeira do Brasil em protesto realizado em Paris em apoio às manifestações no País</p>
Mulher segura a bandeira do Brasil em protesto realizado em Paris em apoio às manifestações no País
Foto: Mario Camera / Especial para Terra

Um protesto  que havia sido convocado em Paris para apoiar o Movimento Passe Livre (MPL) aconteceu na tarde deste sábado e reuniu cerca de 1 mil de pessoas na praça da Nação, no leste da capital francesa, segundo estimativas da polícia local. Assim como os protestos no Brasil, a manifestação parisiense foi marcada pela pluralidade de reivindicações entre os manifestantes, que chegaram a se acusar mutuamente de "fascistas" e "esquerdistas". No entanto, a violência que já foi vista nas ruas de cidades brasileiras não se repetiu na capital francesa.

Protestos tomam as ruas do País; veja fotos

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Gil Vicente Gama se defendeu dizendo que só quer o combate à corrupção
Foto: Mario Camera / Especial para Terra

Enrolado numa bandeira brasileira, o advogado brasiliense Gil Vicente Gama - que mora em Lugano, na Suíça, e veio a Paris só para participar dos protestos - era um dos mais enfáticos ao defender suas ideias contra manifestantes que em diversas ocasiões gritaram a frase "Vaza, 'reaça', dessa praça". "Eles não me representam. Eu vim aqui para protestar contra a corrupção, não estou levantando nenhuma bandeira partidária", disse Gama.

O advogado acusava a manifestante Ana Vladia, que cursa doutorado em ciências sociais em Paris, de utilizar uma bolsa do governo brasileiro para se manter na cidade. "Esta manifestação está cheia de fascistas, tem jovens aqui pedindo a volta da ditadura militar", afirmou Ana, que segurava um cartaz pedindo a unidade da esquerda.

Ana Vladia reclamou da presença de pessoas de extrema-direita na manifestação
Foto: Mario Camera / Especial para Terra

Os manifestantes também mostraram solidariedade ao movimento no Brasil, e alguns lamentaram não poder participar dos protestos no País. "Se eu pudesse, estaria lá. Acho que a primeira coisa que precisamos resolver no País é a corrupção", defendeu o empresário Wellington Jhel, que chegou a Paris há cinco anos, vindo Rondônia.

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O mineiro Magno Antônio Lamounier, que trabalha na construção civil, pedia que as receitas geradas pelo Nióbio, metal abundante no Brasil, fossem destinados à educação. "É preciso acabar com a situação política atual brasileira, temos que melhorar a educação e saúde no País usando esse dinheiro", disse Lamounier, que ficou sabendo do cancelamento da manifestação 40 minutos antes do horário previsto.

Racha na organização

Organizado pelo Facebook e após ter sucesso na convocação de manifestantes - mais de mil chegaram a confirmar presença no evento pela página na rede social -, o protesto foi cancelado poucas horas antes do horário previsto.  A anulação causou revolta em alguns manifestantes, que reclamaram de "falta de respeito" por parte dos organizadores.

Magno Antônio Lamounier pediu que os lucros do metal Nióbio sejam destinados à educação
Foto: Mario Camera / Especial para Terra

"Nós gostaríamos de pedir desculpas às pessoas", disse Bia Barbosa, mestranda em políticas públicas em Paris e uma das organizadores da manifestação na capital francesa, durante entrevista coletiva concedida na tarde deste sábado.

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Segundo os organizadores, a decisão de anular o evento foi política e motivada pela revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo, pela violência contra ativistas durante os protestos no Brasil e pela "proliferação de posturas fascistas" nas manifestações. "A decisão foi tomada após os eventos ocorridos na última quinta-feira", explicou Bia.

No entanto, outros membros do comitê organizador, formado por estudantes brasileiros na França, acusaram um pequeno grupo de pessoas de manipulação política, já que uma votação pela manutenção do protesto havia sido aprovada durante uma reunião ocorrida na última sexta.

"Nós tínhamos votado a favor da manifestação, mas quando alguns de nós deixaram a reunião, essa votação foi anulada e os outros organizadores decidiram anular o evento", afirmou Maurício Fontanetti Aguiar, que fazia parte do comitê organizador.

O cancelamento da manifestação também causou um problema legal, pois, em teoria, o protesto não poderia acontecer sem a permissão da polícia francesa, que chegou a cercar a praça da Nação com o batalhão de choque. Embora os manifestantes tenham demorado a se dispersar, os policiais decidiram fazer vista grossa e permitiram o protesto.

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"Isso nunca acontece na França. Deve ser porque nossas relações com o Brasil são boas", disse um dos policiais presentes, ao explicar por que o batalhão de choque, normalmente estrito em relação às regras de manifestação na cidade, deixou o protesto acontecer mesmo sem permissão oficial.

Fonte: Especial para Terra
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