"A obsessão de São Paulo com os automóveis é bem documentada. A cidade abrigou um grande prêmio de Fórmula 1 pela primeira vez em 1973; uma auto-estrada leva o nome de Ayrton Senna; ela tem 5,6 milhões de carros, quase um para cada dez pessoas. O resultado é congestionamento. O trânsito nos finais de tarde normalmente supera 100 km. O paulistano passa, em média, três horas por dia em seus deslocamentos. O prefeito Fernando Haddad diz que isso não pode continuar."
É assim, desenhando a situação caótica da capital, que o norte-americano The Economist inicia um artigo feito sobre a nova "onda" das ciclovias locais.
A publicação diz que Haddad tenta desde 2013, quando assumiu a prefeitura, "persuadir os cidadãos a trocarem os carros pelas bicicletas". Citando os 179 km de ciclovias já concluídos, "mais do que foi feito nos últimos 33 anos", afirma ainda que, quando os 400 km prometidos forem finalizados, a cidade estará "no mesmo patamar de Copenhagen [capital da Dinamarca]".
O artigo, no entanto, pontua que o prefeito tem uma série de dificuldades pela frente. Além de contar que a cidade não é "bike-friendly" (algo como "amigável com as bicicletas"), diz que ela é montanhosa e também perigosa. Para exemplificar, faz uma comparação: em Londres, 14 ciclistas morreram no ano passado, sendo que em São Paulo foram 37.
A publicação ainda coloca reclamações de alguns moradores, como um dono de uma padaria de Higienópolis que se queixou de uma ciclovia colocada em frente a seu estabelecimento, obrigando os veículos de entrega de produtos a estacionarem mais longe dali.
"Quando a capital dinamarquesa começou a construir ciclovias, há 30 anos, muitos moradores eram totalmente contra. Agora, 36% das viagens pendulares são feitas de bicicletas", finaliza o texto.