O aumento da velocidade nas vias marginais é aprovada por 54% dos moradores da capital paulista, mostra a pesquisa do Índice de Referência de Bem-Estar no Município. O levantamento, divulgado hoje (24) pela Rede Nossa São Paulo, ouviu mil moradores da cidade entre os dias 8 de dezembro de 2016 e 4 de janeiro deste ano.
Entre os que apoiam a medida, grande parte utiliza automóvel todos os dias e raramente usa ônibus. Entre os 41% que são contrários à elevação dos limites, parte significativa disse que raramente se locomove de carro.
A elevação da velocidade máxima nas marginais Pinheiros e Tietê foi uma promessa de campanha do prefeito João Doria. Antes mesmo de assumir oficialmente em dezembro passado, a equipe da atual administração anunciou que aumentaria os limites. O secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, disse que está prevista uma série de ações que, em conjunto, tornarão as vias mais seguras, permitindo o aumento dos limites de velocidade.
A prefeitura havia reduzido a velocidade não só nas marginais, como em diversas ruas e avenidas da cidade, como parte de um programa de segurança no trânsito da gestão do então prefeito Fernando Haddad. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou, em outubro passado, um balanço que mostrou queda de 52% no número de acidentes com mortes nas marginais Tietê e Pinheiros, durante o primeiro ano de implantação da redução de velocidade.
Na última sexta-feira (20), a Justiça de São Paulo concedeu liminar contra a alteração dos limites nas marginais. Segundo o juiz Luís Manuel Fonseca Pires, como a redução da velocidade levou a uma diminuição expressiva do número de mortes, não há justificativa para a elevação. "Sem estudos prévios, alternativas concretas a manter os índices satisfatórios alcançados de drástica redução dos eventos de morte nas marginais, não há fundamento jurídico na eliminação de um programa que atinge os objetivos alhures anunciados", diz o texto da decisão.
Com a elevação, os limites voltariam a 90 quilômetros por hora (km/h) nas pistas expressas, 70 km/h nas centrais e 60 km/h nas pistas locais. Atualmente, os limites são de 70 km/h, 60 km/h e 50 km/h, respectivamente.
Mobilidade e qualidade de vida
De acordo com o Índice de Referência de Bem-Estar, 44% dos entrevistados levam até duas horas diariamente para ir e voltar do trabalho. O tempo gasto, em média, com esse deslocamento é de 1h47 para os usuários de ônibus e 1h45 para os que vão de carro.
A pesquisa avalia ainda 71 itens em 17 áreas temáticas. Todos os pontos receberam notas abaixo da média de 5,5 em uma escala de 1a 10. Os quatro temas com menor satisfação, com pontuação menor do que 2,5, foram a forma de participação na escolha dos subprefeitos, transparência dos gastos e investimentos públicos, o tempo médio entre a marcação e a realização de procedimentos mais complexos e a punição à corrupção.
As áreas temáticas mais mal avaliadas foram transparência e participação política, desigualdade social, assistência social, transporte/trânsito (mobilidade) e habitação.