PM chega preparada para guerra, diz testemunha de protesto

Uma grande confusão tomou conta da região da Consolação, em São Paulo, no final da tarde desta sexta-feira. Quando manifestantes do Movimento Passe Livre e seus simpatizantes se preparavam para entrar na Avenida Paulista e encerrar o ato contra o aumento das passagens no transporte público da capital, um pequeno grupo de jovens infiltrados entrou em confronto com a Polícia Militar - que, segundo testemunhas ouvidas pelo Terra, reagiu de maneira truculenta.

Protesto em SP tem bombas e pedras em confronto com a PM

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Josias Januário, 47, que estava dentro do Conjunto Nacional (na esquina da Avenida Paulista com a rua Augusta) no momento da confusão, afirmou: "o que acontece é que a Polícia Militar de São Paulo tem treinamento para combate, mas não tem treinamento para passeatas. Eles chegam aqui preparados para a guerra. Sou professor na Escola Superior de Guerra, sei do que estou falando".

"É um absurdo esse uso da força. Quando ouvi os barulhos, corri para a porta e vi PMs atirando em jovens que estavam apenas protestando. Não vi os meninos fazendo nada demais. Isso fere completamente o Estado Democrático de Direito. A polícia foi pior do que era na Ditadura. Eu lutei contra a Ditadura, sabemos de tudo que os agentes fizeram naquela época, mas nas ruas eu não via isso", completou o diretor de Direitos Humanos da OAB Martim de Almeida Sampaio, de 55 anos.

O securitário Ronaldo Lourenço, de 22 anos, e o assistente de marketing Jonathan Bogo, 27, estavam em uma livraria do mesmo conjunto quando o confronto aconteceu. Eles tentaram ir embora quando ouviram os primeiros tiros, mas tiveram que ficar cerca de uma hora presos dentro do estabelecimento.

"Sempre acontece isso. Em um protesto justo e pacífico, poucas pessoas se infiltram e conseguem acabar com tudo. Ai a polícia não sabe lidar e resulta nessa grande confusão. Olha a tal Tropa do Braço! É um absurdo! São lutadores imensos de Jiu-Jitsu contra garotos que soltam fogos de artifício", afirmou Ronaldo.