PM de SP afasta 400 policiais por suspeita de coronavírus

Medida da corporação, que comprou 500 mil máscaras e luvas para proteger agentes, é preventiva; sargento do Copom morreu no dia 31

3 abr 2020 - 17h47
(atualizado às 18h36)

A Polícia Militar de São Paulo já teve de afastar cerca de 400 policiais em razão de suspeitas de contaminação pela covid-19. Os integrantes da corporação estão, a exemplo dos médicos, dentro de um dos grupos profissionais mais expostos à pandemia, pois continuam trabalhando normalmente. Por enquanto, uma sargento morreu e dois PMs estão em estado grave.

Foto: Arnaldo Nunes / Futura Press

Todos os policiais com suspeita da doença estão sendo afastados para evitar a contaminação de colegas - em uma viatura, por exemplo de uma Força Tática, três a quatro agentes dividem o mesmo espaço durante horas de patrulhamento, facilitando o contágio. A PM paulista tem cerca de 90 mil integrantes. O comando da corporação estabeleceu uma série de procedimentos operacionais de proteção para seus homens durante a pandemia mas, muitas vezes, a detenção de criminosos e suspeitos exige o uso de força física e contato com pessoas que podem estar contaminadas pelo coronavírus.

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"A primeira preocupação do Comando da instituição é com a proteção dos policiais militares. Só pode proteger quem está protegido. Não é possível entregar o que não se tem. Assim, todos os esforços estão sendo envidados para suprir a necessidade em relação aos Equipamentos de Proteção Individual", afirmou o tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM.

De acordo com ele, desde janeiro a Diretoria de Saúde da PM acompanhava o desenrolar da epidemia em outros países e estabelecia cenários para a possível chegada do vírus ao Brasil e como isso poderia afetar a prestação do serviço da corporação. "Era um quadro desconhecido, esse da pandemia", afirmou Massera. De acordo com ele, com o isolamento social adotado pelo governo do Estado, os recursos da PM foram redirecionados para áreas de maior aglomeração de pessoas, como as cercanias de supermercados, padarias, farmácias e hospitais. "Também aumentamos nossa presença em áreas residenciais."

O primeiro grande impacto para a corporação foi a notícia da morte da sargento Magali Garcia, de 46 anos. Ela trabalhava no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) quando foi internada com sintomas da doença na UTI do Hospital da PM (HPM), na zona norte de São Paulo. Era sexta-feira, dia 27 de março. O quadro dela evoluiu rapidamente e, no dia 31, a policial morreu. Até então, apenas um policial da reserva havia morrido com a doença. De acordo com Massera, outros dois policiais estão internados com coronavírus.

O Comando imediatamente começou uma grande operação para garantir a segurança dos policiais que trabalham no Copom, que é um dos centros nevrálgicos da corporação. O Copom é responsável pelo despacho de viaturas para atender ocorrências na capital, um trabalho feito por policiais especializados. Planos alternativos para manter o serviço funcionando já foram traçados. "As pessoas podem ficar absolutamente tranquilas, pois a Polícia Militar estará nas ruas, protegendo a sociedade", disse o tenente-coronel

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De acordo com ele, a corporação enfrentou as mesmas dificuldades que hospitais e profissionais da área de saúde vêm enfrentando desde o começo da crise: o quase desaparecimento do mercado de materiais apropriados - como máscaras de proteção e álcool em gel - para fornecer aos PMs. "Tínhamos o dinheiro, mas muitas vezes não tínhamos de quem comprar." Agora, mais de 500 mil itens como máscaras e luvas foram colocados à disposição da tropa. "A dificuldade para comprar esses materiais permanece."

Os PMs também estão sendo vacinados contra o vírus influenza (H1N1). O objetivo é imunizar todos os policiais. O comando determinou ainda a reforma das instalações e a compra de material para o HPM, triplicando a quantidade de leitos de UTI e de enfermaria. Por fim, a PM autorizou que o deslocamento de policiais que trabalham em municípios diferentes daqueles que eles moram seja feito com carros da própria corporação para evitar exposições desnecessárias dos policiais a riscos de contaminação.

"Também estão sendo adotadas medidas para a higienização e desinfecção do ambiente, além da utilização de máscaras por todo o efetivo. Com a chegada dos testes rápidos, pretende-se testar todos os policiais do Copom, isolando efetivamente aqueles que forem positivos para o coronavírus.", concluiu o tenente-coronel.

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